Capítulo 18 | Casablanca

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" Com o mundo inteiro desmoronando, escolhemos esse momento para nos apaixonar. "
– Ilsa Lund, Casablanca.

Assim que cheguei na entrada do apartamento, percebi que havia algo estranho. A porta que antes fechada agora estava aberta com a chave na fechadura.

Definitivamente eu poderia imaginar que fosse mais uma das inúmeras coisas que Victoria fazia sem dar a mínima mas não daquela vez.

Algo estava errado. Pensei.

Não quando aquela era a sua chave e não quando a mesma parecia misteriosamente suja. Retirei ainda que receosa, a chave da fechadura e segurei na maçaneta a abrindo calmamente. Caminhei silenciosa e lentamente para dentro do apartamento.

A princípio tudo parecia em ordem. E estranhamente mais silencioso do que de costume. A atmosfera estava diferente e naquele segundo eu me sentia dentro de algum filme de terror psicológico.

Lembrei das coisas sem explicações que estavam acontecendo ultimamente, e um frio percorreu pela minha espinha.

Então assim que ascendi as luzes do apartamento, tive uma momentânea surpresa.

Tudo estava arrumado. Digo, estava bem mais organizado do que naquela manhã antes de sairmos para a faculdade.

A sala estava em ordem e limpa. E alguma coisa cheirava agradável ali.

Decidi por hora não me preocupar tanto com aquilo. Ou pensar nas diversas coisas que ocasionaram aquela repentina mudança.

Caminhei até o meu quarto e rapidamente olhei para a porta do quarto de Victoria. Eu sabia que ela não estava, uma vez que seu quarto não havia sinais de desordem.

Ou melhor, todo o nosso apartamento.

Senti novamente um arrepio perpassar pelo o meu corpo, passei as mãos pelo os meus braços a fim de trazer algum calor corporal.

Entrei em meu quarto e logo me senti acolhida.

O vento gélido estava balançando as árvores que batiam seus galhos na janela do meu quarto.

Também o sol que agora estava se pondo, detinha de bonitas cores que adentravam pela janela. Finalmente eu sentia a normalidade ao observar os nuances de cores alaranjadas.

Decidi tomar um bom banho e então preparar algo para comer. Depois de vinte minutos, já estava com um pijama de seda rosa claro, e com o agradável aroma dos sais. Sentei-me na cama e peguei o celular que estava na minha bolsa.

Desbloqueei a tela e olhei algumas mensagens que estavam acumuladas. Haviam cinco mensagens da minha mãe e uma de Black.

Meu coração acelerou no peito e um sorriso involuntário surgiu em meu rosto.

Black não aparecia na faculdade a alguns dias e eu me perguntava o motivo do seu repentino desaparecimento.

Respondi as mensagens que minha mãe havia mandado e entre elas, um pequena aposta que ela tinha feito com o meu pai, que como sempre ele havia perdido para ela.

Ele sempre perdia para ela.

Falei sobre a faculdade e sobre as minhas notas. Contei a eles tudo sobre minha vida naquele momento. Menos sobre o que eu não entendia.

E eu podia ter o controle sobre a minha vida. Ou achava que o tinha. De tudo, definitivamente eu não a entendia naquele momento.

Então como se fosse algo que me encarasse para que eu a abrisse e saciasse minha curiosidade, eu apenas apertei em sua mensagem.

Heaven (em pausa)Where stories live. Discover now