Capítulo 12 | List

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  " Há tanta suavidade em nada dizer e tudo entender."
– Fernando Pessoa

O que gostava em Black Stonehold

E então meus dedos começaram a mover-se pelo papel, enumerando-os. — Não sendo colocados necessariamente em ordem de importância. — mas ainda sim, pensando em cada coisa que me fazia gostar de ter sua companhia. Sim, gostava dele junto a mim.

1. Quando ele estava perto de mim.

Black me deixava confusa, me fazia sorrir, deixava-me com borboletas tanto no estômago como no coração. Ele também parecia preocupar-se comigo de uma forma que ninguém jamais fez. E eu adorava quando ele sorria para mim. Seu sorriso sempre era tão genuíno, mesmo que por vezes eu notasse alguma tristeza neles.

                  2. Gostava de seu sorriso.

O som, os seus lábios, a curvatura bonita em seus olhos quando ele sorria abertamente. Era maravilhoso presenciar aquilo. Como quando ele abraçou-me no hospital e eu o peguei tentando disfarçar um sorriso.

  3. Também gostava dos seus braços.

Ah, seus braços. Fortes e aconchegantes. Eles me faziam sentir confortavelmente em casa. Como se neles, fosse de fato, meu lar. Onde eu queria por varias vezes ao dia estar. Assim eu sentiria-o perto de mim, sentiria seus cheiros e a batida forte do seu coração.

Me repreendi em pensamento quando me veio à outra coisa que me fazia gostar de Black. Definitivamente a mistura dos seus cheiros.

4. Errado dizer isso, mas seus cigarros.

Quase todas as vezes em que estive perto de Black, eu poderia sentir o cheiro do tabaco que emanava de suas roupas e misturava-se com algo mais cítrico. Era erroneamente bom. Tão bom que fixou-se em minhas roupas. E por Deus, eu queria apenas guardá-las e esquecer-me que deveria lava-las.

              5. Seu jeito protetor comigo.

Eu nunca tive ninguém, claro, além do meu pai, que me protegesse como ele fazia comigo. Sabia que foram poucas as vezes em que tive a oportunidade de ver seu lado protetor. Mas destas, eu poderia confirmar que ninguém.–Novamente, além do meu pai.– Que se importasse comigo para agir daquela maneira. E ele fazia-o.

6. Seus olhos, eu amava seus olhos. 

Cristo, aqueles olhos, o qual eu pintei e pintaria milhares de vezes apenas para olhar aquela bela imensidão azul de tristeza, obscuridade e desespero.

Nunca havia olhado olhos como os seus. Uma chama que parecia queimar todas as vezes em que ele me olhava. Seus olhos poderiam ser tão claros quanto o mais cristalino lago. Mas tão misteriosos quanto a mais escura noite.

Minha mão soltou o lápis em cima da pequena lista agora completa. Eu suspirei olhando para aquele papel rabiscado com minha letra. Eu fiquei alguns minutos apenas encarando aquele papel e pensando sobre o sentimento que agora se apoderava em meu peito.

Coloquei minha mão por cima da camisola e então senti meu coração. Frenético, pulsante. Vivo.

Por tanto tempo, ele batia tão normalmente, acostumando-se apenas com aquele ritmo cardíaco. Mas então ao olhar para as coisas em que eu escrevi e ao mesmo tempo seu rosto vir em minha memória, parecia o acordar daquele profundo sono.

Meu coração acelerado era o sintoma do que eu sabia. Mas eu não me permitiria falar aquilo em voz alta. Porque se assim o fizesse então minhas palavras ganhariam vida. E ao ganhar vida, elas nunca mais me deixariam ser a mesma, porque depois que eu as falasse, eu sabia, que mudaria para sempre.

Heaven (em pausa)Where stories live. Discover now