Heaven (em pausa)

Capítulo 23 | Truth

"Estrelas, escondei a luz jucunda, para que a escuridão não veja funda de meus negros anseios."
– William Shakespeare, Macbeth Ato I Cena IV

Estávamos a alguns minutos dentro do seu carro. O silêncio instalara-se como um velho amigo desde o segundo em que nos encontramos. Era como se soubéssemos que naquele segundo qualquer palavra seria como uma navalha afiada.

Parecia perigoso.

Destruidor.

Não tinha o encarado até aquele momento, e ele percebia o meu nervosismo diante de tudo aquilo que nos rodeava.

Depois que conversei com Black e ele chegou no meu apartamento, ele calmamente falou que gostaria de contar algumas coisas que deveria ter falado antes, mas que achou que nenhum momento fosse o certo.

Sua aparência parecia cansada e de certa forma ele parecia triste. Ele era como um anjo, uma escultura que revelava o bagunçado e atormentado do seu íntimo.

Então ele me convidou para um local que até o momento era desconhecido por mim. Pedi em algum momento para saber sobre o lugar que estávamos indo, mas assim como o resto, a resposta se perdeu no gigante silêncio.

Logo gentilmente ele estendeu sua mão e eu a segurei, que em contraste com a minha parecia apenas grande o bastante. Quando ele a segurou firme e levou-me até o seu carro, ali eu me encontrei em dúvida uma jamais sentida, ao mesmo tempo em que parecia certo estar com ele.

De certo modo eu tinha medo. Pois eu sabia que seja o que for que descobriria essa noite, eu tinha a certeza que já não era mais capaz de deixar de sentir aquilo.

De sentir Black em meu coração.

Era algo além da explicação.

Ele então parou na porta do passageiro ainda segurando em minha mão, logo em seguida a abriu para que eu entrasse. Olhei para ele sem conseguir demonstrar nenhuma reação, meu coração estava ansioso.

Palpitava como se tivesse corrido em uma maratona.

Assim que sentei no banco do passageiro, ele deu meia volta e entrou para sentar-se em seu lugar. E antes que ele pudesse sair dali, sua voz estava em um tom mais baixo e sobressaiu no ambiente silencioso.

— Vou explicar tudo e prometo proteger você, não importa o que isso me custe.

E aquilo foi a única coisa que permaneceu em minha cabeça durante todo o percurso.

Respirei fundo e mordi meus lábios ao encara-ló. Estava nervosa a cada segundo, e acima de tudo me sentia extasiada por todo aquele poderoso sentimento que Black demonstrava para comigo.

Era algo novo para mim. Algo mágico. Único.

Estávamos a um bom tempo nas ruas movimentadas, mas em poucos minutos aquela paisagem foi ficando para trás.

Ao longe percebi o início de uma estrada que nos levava a um local arbóreo e logo me remexi ansiosa pelo desconhecido.

Não fazia ideia do local em que Black estava me levando e ainda que eu confiasse nele, eu estava sozinha em uma cidade gigante e agora em um local totalmente afastado da mesma.