Capítulo 2 | Hide

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"Você nunca achará o arco-íris, se você estiver olhando para baixo"
– Charles Chaplin

Ele caminhou até a cadeira vazia, não ligando para os olhares que todos lançavam para ele. Na verdade ele parecia apreciar cada olhar em cima dele.

E eu assim como os outros, continuava o olhando.

— Muito bem, seja bem vindo...— senhor Thompson fez uma pequena pausa e então pegou e leu o papel que ele havia deixado em sua mesa.

Houve um longo silêncio na sala e eu me perguntei se alguém ouvia o barulho alto do meu coração.

No fim, pareciam todos ansiosos para saber o nome dele tanto quanto eu.

— Senhor Black Stonehold! — ele disse antes de lhe lançar um olhar como se estranhasse que o nome lhe coubesse tão bem.

É claro que o nome dele combinava. Tudo nele parecia girar em torno dessa energia negra que irradiava de seu corpo. Parecia tudo tão misterioso e de um certo modo bonito.

Aquela cor definitivamente parecia ser feita para ele. Pensei

Assim que virei minha atenção novamente para frente, o quadro antes limpo agora continha datas históricas e algumas anotações, tentei me concentrar no que o senhor Thompson dizia.

Contudo algo perturbava minha concentração.

Eu sentia os pelos da minha nuca arrepiarem-se. Assim como eu sentia algo queimar em minhas costas. E foi aí que eu olhei para trás.

Olhei na direção daquela cadeira que antes vazia, agora era ocupada por ele.

E aquela imensidão azul me cobriu com volúpia. Seus olhos estavam fixos nos meus, no entanto seus gestos não estavam direcionados para mim.

A ruiva que antes falava com o cara ao meu lado, esfregava-se deliberadamente nele. E ele não parecia se incomodar, visto que dava um meio sorriso uma vez ou outra para ela.

E então, eu olhei o exato momento em que a a mão dela desceu para debaixo da mesa.

Ela não iria fazer o que eu estava pensando. Ou faria?

Deus, estamos em aula!

Eu suspirei fortemente sem perceber que prendia o ar em meus pulmões.

Arregalei meus olhos, sentido meu rosto corar. Não queria olhar o que aconteceria depois, então rapidamente desviei minha atenção da sua.

Sei que minhas bochechas estavam terrivelmente vermelhas e em uma tentativa frustrada passei as costas de minhas mãos suavemente sobre elas. Era como se tentasse esconder minha vergonha acalmando-as, mesmo sabendo que aquele ato parecia inútil.

No fim havia desistido e apenas decidi abaixar minha cabeça afundando-me em meu assento.

Assim ninguém olharia o quão envergonhada estava por olhar algo que não era nem mesmo eu que fazia.

Eu sabia que em algum lugar da minha mente eu gostaria que fosse eu. Eu me senti triste tanto quanto incomodada. E naquele momento eu não entendia o porquê.

E muito menos entendia o porquê eu desejava aquilo.

Por que eu estava incomodada com aquilo?

Era ele, que estranhamente me encarava. E fazia aquilo que eu odiava. Me deixava sem controle.

Respirei profundamente tentando controlar minhas emoções. Meu cabelo caiu em meu rosto quando olhei ainda mais para baixo e uma cortina encobriu o meu campo de visão evitando que eu olhasse para ele.

Heaven (em pausa)Место, где живут истории. Откройте их для себя