- Harmonia Mágica e Natural -

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— Criança? Eu não sou nenhuma criança!

— Oh, queira me desculpar, ó Devin, o Destemido! — Ele fez uma leve reverência para o menino.

— Pessoas normais — iniciou Eurene. — Meus pais me disseram uma vez que cada pessoa é única, e por isso cada um de nós é especial.

— Seus pais não deixam de ter sua razão, moça.

— Eurene — ela o corrigiu com uma feição séria.

— Veja, Eurene, cada ser vivo dotado de consciência e personalidade é único entre tantos outros, mas, sem querer ofendê-los de forma alguma, você há de concordar que há uma diferença discrepante entre um andor como eu e pessoas normais como vocês.

— Sim, eu tenho o juízo perfeito e não falo além do que preciso.

— Mmm... espero que isso não tenha sido uma crítica a minha pessoa. — Ele semicerrou os olhos fingindo analisá-la.

— Talvez tenha sido mesmo.

— Sim, vejo que você possui opiniões severas sobre as pessoas que conhece mas evita revelá-las diretamente.

— Como sabe disso? Leu os meus pensamentos?

— Não precisei, isso é explícito no seu comportamento, minha cara. Até o Filo aqui já tinha comentado isso comigo dias atrás quando te conheceu.

— Você pode saber o que as pessoas pensam?! — Devin mostrou-se mais uma vez surpreso e admirado.

— Sua admiração por minhas habilidades me deixa muito contente, meu caro Devin. Mas não é bem assim que funciona. Explicando de uma forma simples, eu posso vizualizar o que uma pessoa pensa perto de mim fortemente, mas não ler seus pensamentos ou me comunicar mentalmente com ela. Isso requer avançados estudos de Habilidades Mágicas.

— Quer dizer que você estudou para ser um andor? — Eurene mostrou-se grandemente interessada no assunto.

— Todos os andors precisam estudar para se tornarem andors.

— Mas isso não faz sentido. Se já são andors por que estudarão para virarem o que já são?

— Veja, pelo conhecimento que me foi transmitido, um andor já nasce com suas particularidades únicas que o diferem das demais pessoas normais. Como... emanar luz das mãos, como eu fiz agora há pouco. Claro que cada caso é um caso, mas o fato é que todos precisam estudar e desenvolver suas habilidades mágicas e mentais.

— No vilarejo que eu morava tinha um andor conselheiro, ele também tinha um bastão preto igual o seu. Mas você não é um andor conselheiro.

— Não, não sou.

— Por que?

— Sua curiosidade as vezes se mostra introsca, sabia disso? Mas eu vou lhe responder assim mesmo. Quando eu fui para o Templo de Nerendor estudar para me tornar um andor conselheiro, percebi que meus ideais não eram... semelhantes com os que eram pregados no templo. Por causa disso eu não me tornei apto para aconselhar nobres e interrompi meus estudos. E agora estou aqui, vivendo minha vida ao lado do meu melhor amigo peludo de quatro patas.

Filo aproximou-se de seu dono em busca de carinho.

— Entendi. Olha, eu sei que eu faço perguntas demais, mas eu só quero ter minhas dúvidas esclarecidas. Quase tudo o que eu sei sobre o mundo vem do que eu li em cinco livros infantis que meus pais liam para o Devin.

— Eles não eram infantis! Eram livros de histórias que aconteceram de verdade!

— Como aquele monstro chamado valonfin que nem o livro contava como ele era?

A Pretensão dos CavaleirosWhere stories live. Discover now