Capítulo 27

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Passava das quatro da tarde quando Francine desceu correndo as escadas do bordel pela última vez em sua vida. Em uma das mãos apenas uma mala, presente de Quitéria. Em seu peito todo o orgulho pelo aprendizado de anos vividos naquele lugar. Espalhadas pelo bordel estavam às outras meninas. Francine abraçou cada uma delas, desejou sorte e muito amor.

Do lado de fora, vestindo um terno cinza claro e encostado no carro estava Custódio; os pés batendo freneticamente no chão de cimento, a ansiedade atacando com força, estava nervoso.

- Obrigado por tudo dona Quitéria. Nem tenho palavras pra agradecer tudo o que a senhora fez por mim. Obrigado por me acolher, me ensinar, me alertar dos perigos do mundo... – Dava para ver nos olhos de Francine o quanto ela estava triste por aquela despedida.

Quitéria também emocionada abraçou Francine e lhe deu um beijo no rosto.

- Ô meu amor, não chore. Sempre que quiser poderá vir nos visitar. As portas desse humilde bordel vão estar sempre abertas pra te receber, meu anjo.

Impaciente Custódio foi até a porta do bordel.

- Vamos Francine! – Ele gritou. – Daqui a pouco escurece e...

Francine, Quitéria e as meninas aparecem na porta.

- Calma rapaz! – Disse Quitéria.

Francine e Custódio ficaram lado a lado, de braços dados. Pastor Cláudio, Matilde e mais alguns fiéis saíram da igreja. Parecia impossível, mas pela primeira vez o bordel de Quitéria e a igreja do pastor Cláudio estavam unidos pelo mesmo propósito, o amor e felicidade de seus filhos; Custódio, um policial militar, viúvo e hoje temente a deus, e Francine uma garota do interior, expulsa de casa pelo pai; que se prostituiu para sobreviver e que conheceu o verdadeiro amor onde menos imaginava.

Francine e Custódio já estavam dentro do carro, às mãos dele firmes no volante, ela terminando de botar o cinto de segurança.

- Está pronta pra rever o seu pai, meu amor? – Perguntou Custódio olhando para a sua amada.

Francine respirou fundo ao mesmo tempo em que Custódio girava a chave e ligava o motor do carro.

- Estou sim, meu amor. Podemos ir.

Dentro do carro, Francine passou um dos braços por Custódio, num abraço leve, depois encostou a cabeça de leve em seu ombro. No horizonte o sol estava se pondo, Francine finalmente voltaria para casa, em nome do pai. 

Essa história ainda não acabou...Continua.

Em nome do paiWhere stories live. Discover now