Capítulo 23

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Duas noites mal dormidas. Noites em que Francine passou em claro. Noites em que Francine tinha novas funções dentro do bordel, duas noites de preocupação. Custódio estava longe. E a saudade aumentava cada vez mais. Além da saudade a angústia, o desespero. Ansiedade por saber se o amado tinha encontrado seu pai.

Desceu as escadas que davam para o salão. Música alta, gente rindo. Enquanto descia, outras meninas subiam, elas acompanhadas, Francine sozinha. Quitéria se aproximou de Francine e perguntou:

- Como está indo? – Ela queria saber do movimento, se os quartos estavam ocupados.

- Todos os quartos estão cheios. – Respondeu Francine.

As duas foram para um canto reservado no bordel.

- Tá gostando da nova função?

- Estou. Nunca pensei que fosse fazer isso por mim. – Agradeceu Francine.

Quitéria segurou nas mãos de Francine.

- Tenho você e as outras meninas como minhas filhas. Jamais vou deixar vocês desamparadas. Se não tem como satisfazer os homens, eu mudo de função. Eu mesma não entrei aqui sendo a dona.

Um filme. Momentos bons e ruins. Das lágrimas escorrendo no rosto. Do sorriso de Custódio. A cara da mãe ao flagra-la com o prefeito. Da vergonha. Da morte da mãe e da expulsão de casa. Da vida no bordel e os vários homens com quem se deitou. Nenhum deles ela amou tão pouco desejou. E quando conheceu Custódio, mesmo com todas as barreiras, sentiu o coração bater de um jeito diferente pela primeira vez na vida, Francine estava apaixonada.

- Nem sei como agradecer, Quitéria. Todos esses anos debaixo do seu teto.

As duas se abraçaram e retornaram as suas atividades, Francine gerenciando as meninas, controlando o fluxo dos clientes que subiam para os quartos.

Em nome do paiWhere stories live. Discover now