Capítulo 16

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Mais um dia que se inicia e Francine desperta. Parece ter pressa. Sai da cama e veste-se da melhor maneira possível, a impressão é de que vai se encontrar com alguém especial. Na porta do bordel ela observa o movimento da rua, espera o farol fechar para em seguida atravessar. Fica zanzando pela praça, dessa vez sem cigarros. De propósito ela os esqueceu na cabeceira da cama, queria pelo menos por aquele dia sentir-se limpa. Nada do cheiro maldito de nicotina em suas roupas, muito menos as manchas amareladas nas pontas dos dedos. Sua intenção era tornar-se uma pessoa melhor.

Sentou em um banco da praça e ficou admirando as crianças que balançavam para frente e para trás. A lembrança do pai veio à tona como um furação que chega e destrói tudo. De vestido rendando, Francine sorria. Seu pai a empurrava no balanço, os cabelos loiros indo de encontro ao vento. Ela tinha só sete anos de idade, era feliz, vivia em uma família harmoniosa, mas a vida fez o favor de acabar com tudo. Maldita vida.

Levantou do banco, meteu as mãos nos bolsos do casaco e andou. Uma paisagem de portas de botecos, igrejas e puteiros, somado aos sons dos carros, e caminhões que por ali passavam. O cheiro de esgoto, da comida dos restaurantes de esquina, essa era o retrato feio e cruel do buraco onde ela havia se metido, distante, mas muito afastado de onde ela viera.

Entrou numa sorveteria e um minuto depois saiu de lá com uma casquinha, creme e flocos eram seus sabores favoritos. Como foram bons seus tempos de criança. Da mãe que tudo lhe dava, do pai amoroso e das brincadeiras de infância.

Enquanto caminhava pela calçada, uma viatura da polícia passava vagarosamente, Custódio estava ao volante. Os dois se cruzaram, entretanto, não se notaram. Francine estava mesmo decidida a mudar o rumo de sua história. Ele esperaria a primeira oportunidade e revelaria toda a verdade, cruel e triste de sua vida.

Em nome do paiWhere stories live. Discover now