Capítulo 12

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A delegacia de polícia parecia ser um lugar assustador. Dois policiais fardados e de braços cruzados na altura do peito estavam na entrada do distrito. Na parte interna um policial conversava com um casal, a mulher visivelmente desesperada tentava argumentar, mas o guarda se esquivava.

Francine entrou na delegacia. Vestia uma calça justa que marcava seu corpo e tinha os cabelos amarrados com um rabo de cavalo, todos notaram de pronto sua presença. Ela dirigiu-se até uma mesinha, nela estava sentado um soldado que quando a viu arregalou os olhos.

- Moço eu preciso de uma informação. – Disse Francine timidamente.

Os olhos do policial se voltaram primeiramente para os seios dela.

- Você pode fazer o boletim de ocorrência pela internet. – Disse o policial.

Francine começou a ficar nervosa.

- Não moço, eu não vim aqui pra fazer nada disso. Só tô aqui porque eu quero encontrar meu pai.

Era visível o desinteresse do policial pelo assunto.

- Há é? Ele sumiu quando?

- Acho que há cinco ou seis anos. – Disse ela.

O policial saiu detrás da mesinha deu a volta por trás de Francine e apontou os olhos para as nádegas da garota.

- Peraí! Só agora que a senhora vem comunicar um desaparecimento?

As mãos de Francine tremiam. Como ela contaria para aquele homem fardado que tinha sido expulsa de casa pelo pai, logo após ter sido pega na cama com o prefeito da cidade onde morava? Sem saber o que fazer e com lágrimas querendo brotar um choro amargo ela correu. O guarda nada fez além de ajeitar o pênis na calça e dizer para o colega do lado.

- Se ela me chupasse eu a ajudava a achar o papaizinho dela. – Falou enquanto ria.

Francine correu em meio aos carros, quase foi atropelada, ouviu gracejos e xingamentos; sentou na beira da calçada e chorou igual a uma criança. O rosto borrado, a maquiagem escorrida nos olhos, o cabelo solto e desgrenhado numa vida desgraçada. Levantou e saiu andando, os passos sem destino, a vida sem propósito, a morte parecia ser a única solução.

Na ponta da plataforma da estação de trem ela ficou, parecia hipnotizada. Quando a composição chegou foi levada por uma multidão de animais humanos, mas conseguiu se desvencilhar. Plataforma vazia, mais um trem surgindo, passo a passo foi se aproximando da beirada, o vento do vagão que se aproximava balançou seus cabelos, finalmente Francine encontraria a paz.

A cabeça doeu com a pancada na parede. Alguém a empurrou e a livrou do livramento, Francine estava viva e em choque. Urubus curiosos, armados de celulares piscavam seus flashes acusadores para os olhos da menina, que indefesa recuava e se encolhia feito um animal assustado. 

Em nome do paiDove le storie prendono vita. Scoprilo ora