Capítulo 20

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- Tá chorando porque Francine? – Perguntou uma das moças que moravam no bordel junto com ela.

Francine não respondeu, subiu correndo as escadas que levavam em direção ao quarto de Quitéria que dormia. Quitéria tomou um susto quando ouviu as pancadas na porta.

- Eu já falei que não era para me incomodar. – Gritou Quitéria ainda deitada em sua cama.

Mas as batidas na porta não pararam. Então ela se levantou, vestiu o roupão roxo que estava pendurado num mancebo. Ao abrir a porta se deparou com Francine; os olhos de um sombrio medonho.

- Mas o que foi que aconte....

Não deu tempo de ela terminar. Francine entrou com tudo no quarto de Quitéria. Lá dentro a cama desarrumada, lençóis jogados de um lado da cama, travesseiros espalhados pelo chão.

- A gente precisa conversar. - O tom da voz de Francine era carregado, dando a impressão de que uma tonelada estava em seu peito.

Quitéria com cara de poucos amigos bateu a porta com força, o barulho foi tão forte que as meninas que estavam na parte de baixo do bordel se assustaram.

- Ultimamente você só tem me dado problemas mocinha.

Francine anda pelo quarto para lá e para cá, as mãos se movimentando loucamente.

- O homem, aquele que você me viu junto com ele. – Francine iniciou seu relato. Era possível notar em seu tom de voz um coração carregado de amargura.

- O que tem o homem de terno?

- Eu me apaixonei por ele e...

Quitéria cruzou os braços, a cara dela não era nada boa.

- Não vai me dizer que você engravidou desse cara?

- Não, nem rolou nada. Ele é muito tímido. Vive falando da esposa falecida.

Quitéria sentou na beirada da cama e chamou Francine para fazer o mesmo.

- Senta aqui, deixa eu te contar uma história. – Falou a cafetina.

Então Francine sentou, ao sentar pode sentir a maciez do colchão, o perfume forte de Quitéria e percebeu como eram bonitos os moveis do quarto. A penteadeira com detalhes pintados em branco, o enorme espelho na horizontal. Prestou atenção a cada palavra, ficou surpresa algumas vezes, se emocionou em diversas oportunidades e pode constatar que a sua história de vida e de sua patroa eram bem semelhantes.

- Eu nunca imaginei que a senhora tivesse sido expulsa de casa assim como eu fui. – Disse Francine.

Quitéria sorriu.

- Não somente eu. Converse com as meninas. Muitas foram colocadas para fora de suas casas. Você foi expulsa, pois foi imprudente, eu também fui. Agora eu tô aqui, nesse lugar. Não faço mais programa, mas o quarto em que você leva os homens, no passado, era eu quem usava.

As duas se levantaram e se abraçaram.

- Eu não sabia que a senhora... – A voz de Francine era carregada de emoção e não por menos, Quitéria também derramou suas lágrimas.

- Olha aqui pra mim, mocinha. Você gosta mesmo desse crente aí?

- Eu acho que sim. – Disse Francine, um sorriso contornava seu rosto.

- Então não perca tempo, vá atrás desse homem.

Francine deu um beijo na bochecha de Quitéria e saiu correndo pelas escadas. Ao chegar à parte de baixo do bordel um corredor formado pelas outras meninas a aplaudia. Francine estava indo em busca de seu grande amor.

Em nome do paiWhere stories live. Discover now