Capítulo 24

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Francine desceu correndo as escadas quando ouviu o barulho ensurdecedor da buzina do carro que Custódio pegara emprestado de um amigo. Abriu a porta com rapidez, saiu na rua antes mesmo que o amado tivesse saído do carro. O rosto dele aparentava cansaço e a sensação de dever cumprido.

- Oi amor! Tudo bem? – Dava pra notar a ansiedade e apreensão nos olhos de Francine.

Os dois trocaram um abraço e um beijo.

- Estou bem. Cansado demais. Sua cidade é muito longe menina, meu deus!

- Encontrou meu pai? – Existia uma ponta de dúvida no tom de voz de Francine.

Silêncio. Custódio respira fundo. Parece ter uma tonelada de coisas para ser descarregada.

- Precisamos ter uma conversa em particular. Não sugiro a igreja, pois você não entra lá...

- E eu não sugiro o bordel, porque você também não entra aqui. Então vamos para onde?

Custódio foi até o carro e abriu a porta do veículo.

- Entre. Vamos para a minha casa.

Francine entrou, fechou a porta do seu lado. Minutos depois já estavam no apartamento de Custódio. Chegando lá a sensação foi estranha. A decoração era simplista, um jogo de sofá rasgado, uma estante com uma televisão velha, cortinas sujas penduradas no teto e um tapete.

- Nossa! Aqui tá precisando de uma faxina. – Comentou Francine.

Custódio fechou a porta, andou até a cozinha, de lá tirou duas cadeiras e as colocou em um canto da casa.

- Pronto. Sente-se aqui. – Disse ele mostrando a cadeira.

Francine obedeceu.

- Achou meu pai?

- Achei.

- Como ele está?

- Bem. Com os cabelos mudando de cor e barba por fazer. Parece triste, aliás, ele é um homem amargurado.

Francine abaixou a cabeça e num sussurro sofrível falou:

- Isso tudo é minha culpa.

- Concordo. Ouvi histórias e você, Francine, errou muito.

Custódio se levantou, saiu de cena por alguns minutos e retornou. Tinha algo em uma das mãos, mas que Francine não conseguiu perceber o que era. Ao se aproximar dela, abriu a mão e fez surgir uma correntinha com um pingente em formato de um cavalo. Quando viu aquilo os olhos de Francine se encheram de um brilho nunca visto antes até mesmo por Custódio.

- Sabe o que é isso?

Francine tomou a correntinha nas mãos, acariciou o pingente e derramou uma lágrima.

- Era da minha mãe! Essa correntinha pertencia a ela! Mamãe nunca tirava isso do pescoço.

- Quem me deu isso foi a sua avó, Dona Mercedes. Você lembra-se dela?

Antes de responder, Francine colocou a correntinha que pertencia a sua mãe em seu pescoço.

- Claro que lembro! Os melhores momentos da minha infância eu passei na casa dela. Correndo no quintal, comendo os doces que ela mesma preparava, sorrindo e sendo feliz. E olha o que eu fiz da minha vida, Custódio. – Dava para notar a tortura na voz dela, o sentimento de culpa, de alguém que cometeu um erro quase que imperdoável.

- Você gostaria de ver o seu pai?

Com as costas das mãos Francine enxugou as lágrimas que escorriam em seu rosto.

- Muito. Mas eu tenho medo de ele me rejeitar e...

- Se você não ir, não vai ter como saber. Eu conversei por algumas horas com ele. Tive a oportunidade de conhecê-lo e saber a versão dele da história. Ouvi também a sua vó. Ela me contou da morte de sua mãe, mostrou fotos sua ainda criança ao lado dos seus pais. – Custódio segurou nas mãos da amada. – Se não fosse por suas atitudes, talvez você ainda estivesse ao lado deles.

- Sim, mas o destino não permitiu isso. – Concluiu Francine.

Os dois se levantaram. Francine ainda abalada com tudo, tentando por os sentimentos no lugar.

- Quer ver o seu pai? Ou vai ficar naquele bordel remoendo as coisas?

- Sim. Eu quero. – Ela respondeu.

- Iremos à próxima semana. – Disse ele. – Se abraçaram e se beijaram, riram e foram para o elevador.

Em nome do paiHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin