Quarto Capítulo

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No dia seguinte quando o sol entrava pela fresta da janela, Francine despertou; de banho tomado e, trajada com uma calça e uma camiseta, desceu as escadas em direção à cozinha. Quitéria e as outras meninas estavam em volta de uma mesa, todas sentadas, a dona do bordel no centro. Na mesa pães, bolo, xícaras fumegantes cheias de café e um pote de manteiga aberto com uma faca sem ponta apoiada nele.

- Bom dia. – Disse Francine, no entanto, ninguém respondeu. Era como se ela fosse uma estranha ali dentro. Francine olhou ao redor e percebeu olhares acusadores para com ela, por isso resolveu sair dali.

Na rua, carros e gente passando de um lado para o outro; no alto um céu azul e o sol brilhando com força. Foi à praça para distrair a cabeça e pensar na vida. Sentou em um banco e acendeu um cigarro, deu uma baforada e com o cigarro entre os dedos relaxou. Por algumas horas não teria preocupações, não precisaria dar satisfações para ninguém, e isso deixava ela aliviada. Odiava trabalhar naquele bordel, mas não tinha alternativa, era ali que ela tinha uma cama para dormir e um prato de comida. Por tantas vezes arrumou suas coisas com a certeza de ir embora de lá, mas desistiu ao perceber que sem experiência não conseguiria trabalho e por consequência viveria nas ruas, igual àquelas pessoas que perambulavam pela praça onde ela ficava por horas para tentar se distrair de sua vida tão cruel.

Cigarro findado, jogado no chão. Levantou-se e saiu andando. Atravessou a rua e voltou ao bordel, ao entrar deu de cara com Quitéria, essa sentada em uma cadeira.

- Onde a senhorita estava?

- Na praça, por quê?

- Por nada. É porque a senhorita tem deveres para com esta casa.

- Peço desculpas.

-Ok, pode ir.

Depois disso o restante do dia transcorreu normalmente. Quando a lua empurrava o sol para o seu lugar de descanso, as meninas, incluindo Francine, se arrumavam para mais uma noite. Francine, sentada em frente ao grande espelho de seu quarto, penteava os cabelos, passava pó no rosto, em seguida cobriu os lábios com batom vermelho bem forte. Depois de maquiada faltava apenas se vestir. Do guarda-roupa ela tirou um short minúsculo, uma mini blusa com rendinhas em volta do pescoço e completou tudo com um salto alto.

Ao descer para o salão principal chamou a atenção de todos, Francine estava deslumbrante, nem de longe parecia à moça frágil que recusou um cliente por causa do cheiro dele. Quitéria a viu e foi em sua direção.

- Você está muito linda Francine!

A moça sorriu agradecida. Em seguida foi para o bar e ali ficou olhando os homens e sendo admirada por eles; e não demorou muito para um deles se aproximar, pegar na mão dela e os dois subirem para o quarto. Enquanto subia as escadas de braços dados com o homem um sorriso radiante iluminava seu rosto.

Em nome do paiWhere stories live. Discover now