Capítulo 1 - O Buraco

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A história que vou agora contar, é sobre quatro homens, uma raposa, seis castas, um mundo oculto, e eu. Além disso, é uma história sobre magia. Não aquela magia do Harry Potter, mas a magia de espíritos, sentimento e conexão. Essa é a minha história, e de como eu ajudei a salvar uma nação de criaturas desconhecidas lutando contra seres com o triplo do meu tamanho e força em uma batalha épica. Aconteceu tudo de forma tão inesperada, e durou tão pouco tempo, que quando acordei na cama de um hospital, e vi o rostos dos meus tios e primos, chorei por pensar que tudo tinha sido apenas um sonho. Eu não queria que tivesse sido apenas um sonho. Foi tão grandioso e eu aprendi tantas coisas que não podia ser apenas um sonho.

Primeiro, acreditava ser impossível existir outro mundo. Depois, passei a acreditar que nada é impossível.

Nos dias que se passaram, ouvi como todos ficaram preocupados com meu desaparecimento e como os médicos chamaram à minha recuperação "milagre". Também me disseram que até então, presumiram que eu estivesse morta. Talvez eu tivesse mesmo morrido, por alguns dias somente. Afinal, caí para dentro de um buraco em um cemitério... É isso o que as pessoas sentem quando morrem? Que estão a cair ?Para baixo, para baixo, para baixo...

Não posso falar por todos, mas posso por mim. Eu caí tão para baixo que encontrei o suposto mundo dos mortos, onde na verdade, existiam criaturas vivas. Sendo assim, não é para onde os mortos vão, pois não?

Eu não morri. Em nenhum milésimo de segundo eu estive morta. Eu respirava ar puro, sentia emoções e medos, dormir e acordei, comi frutos desconhecidos e conheci gente. Gente viva! Criaturas que precisavam de mim!

Eu sempre estive viva, e continuei viva quando saí dali para fora. Não precisei morrer (ainda bem) para lá estar. Nem precisei ficar mais forte para ajudar Gautama. O meu maior poder, eu já o tinha sem saber.

E essa foi uma das coisas que aprendi. Vivos ou mortos, fortes ou fracos, bonitos ou feios, somos quem somos, e estamos e vamos para onde precisam de nós. Se por acaso, você que está lendo, sinta que está aqui por nada e que não pode ser útil para o mundo, olhe para si, talvez seu propósito seja ajudar você mesmo! E ajudando você, outros ao seu redor serão ajudados.

É algo de muito valor que cativei nessa minha aventura e gostava de passar.

Eu me senti assim no início de tudo. Como eu, uma criança magricela de doze anos poderia salvar um mundo de uma guerra?

Bem, eu vou contar...

Estávamos ao meio da primavera. O céu azul límpido, o sol radiando alegria e dando força para as árvores e flores desabrocharem. Naquele dia eu não tinha dinheiro para comprar uma flor para dar ao meus pais, passei por um pequeno mercado que vendia algumas mas, ou o preço das flores aumentaram, ou o meu dinheiro -que já era pouco- diminuiu bastante de um dia para o outro. Segui de mãos vazias e desiludida o restante do caminho.

O cemitério onde meus pais moravam tinha muros de talvez quatro metros e era cercado com árvores simétricas. Altura mediana, tronco negro, folhas verde escuro e todas tinham raminhos que nasceram com a primavera. Com cautela e delicadeza, arranquei um ramo de três árvores diferentes, no meu pensamento, uma só não sofrer todo ato seria crueldade. Entrei pelos portões de grades pretas, que estavam totalmente abertos, e fui até onde meus pais estavam. Era uma zona afastada -porque meus tios preferiram assim- e a zona verde do cemitério. Isolada em um canto muito ao fundo, com árvores baixas que faziam sombra nas sepulturas, um bebedouro para pássaros e uma enorme cruz de madeira escura no centro. Haviam outras sepulturas ao redor, mas nunca dei atenção à elas.

Antes que perguntem, eu sabia que meus pais não estavam ali. Eles foram para muito longe à trabalho, e os corpos não voltaram. Mas eu acreditava, com todo o sentimento da palavra e toda a sua magia, que eles moravam ali dentro. Existia lá uma escada que descia para uma casinha bem ajeitada e todos os dias quando eu chegava, eles corriam para me ouvir.

O Conto de Gautama: A Viagem de JaimeTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon