Capítulo 10 - Os Dois Amigos do Norte

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Eu fiquei parada no mesmo lugar observando Ganesha se afastar pela periferia até desaparecer por trás das casas. As criaturas deixaram de nos prestar atenção, deixando aquele espaço mais vazio e silencioso, ainda que muitas delas permaneceram por ali no meu campo de visão na conversa com enormes sorrisos. Continuei no caminho me aproximando aos poucos delas, e ninguém pareceu notar minha presença, ou apenas não o queriam fazer. As casas eram ligadas umas as outras e pareciam muito com casotas de contos de fadas. Eram árvores que se transformaram em habitações, algumas muito grandes outras muito pequenas, variando de acordo com o tamanho do habitante. O vilarejo se estendia por uma boa parte do gramado, que se tornava quase uma comunidade, iluminada por velas tão eficientes quanto lâmpadas elétricas. Ali estavam muitas criaturas as quais eu nunca tinha antes visto ou sequer ouvido falar, o que acabou por causar uma tenção. As aparências eram intimidadoras, e as sombras que refletiam no chão e nas paredes eram ainda mais aterrorizantes. E da mesma forma que eu olhava aterrorizada para as criaturas, elas me olhavam de volta com esse olhar refletido, apesar de apresentarem mais curiosidade. A minha aparência também era algo novo para elas. Segui pelo caminho de terra batida sem rumo, com os braços cruzados e encolhida como se tivesse frio, apesar de não o ter. Fiquei olhando por entre as casas e as ruas, na esperança que Ganesha tivesse voltado ou que Jonghyun aparecesse, no entanto, nenhum nem outro foi ao meu encontro. Quando assumi que tinha andado o suficiente e que por mais que andasse por muito mais não chegaria a lugar nenhum, sentei-me ao pé de uma árvore que era parte de uma casa e tinha uma janela muito alta. Aos poucos as vozes, as sombras e as criaturas foram se dispersando deixando o local silencioso o suficiente para me fazer adormecer.

Ir ou Ficar? Eu não conseguia enxergar nada além do negro, era como se estivesse em um quarto com a luz apagada, ou em um mundo sem sol, ou simplesmente tivesse ficado cega. Mas conseguia ouvir, e ouvia com muita precisão. Ouvi os passos do meu tio no corredor. A tia a acordar Jana e Carol no quarto que ficava de frente para o meu.

_Tati...Jana. Vão se atrasar!

Era exatamente a voz da tia, juro que a ouvi. Ouvi-a acordar-nos como sempre fazia todos os dias de manhã. E ouvi as vozes lá em baixo, das crianças da casa que já deviam estar sentadas na mesa prontas para tomar o café da manhã preparado pelo tio e pela Laura. As vozes mais quietas do que normalmente eram, mas conversavam em bom tom. Apenas eu faltava, eu que estava detida naquela escuridão que não me permitia ver, falar ou me mover. Simplesmente não fui capaz de me levantar da cama e ir até o interruptor que ascenderia a luz e clarearia minha visão e me permitiria ver o meu pequenino quarto.

Comecei a ouvir outras vozes, temos convidados em casa logo pela manhã? As vozes ficavam altas e altas e a casa ficava super lotada. O que se passa aqui? A tia está a dar uma festa? FESTA! É isso. Estou em uma festa. Aos poucos as vozes familiares desapareceram e vozes de uma multidão. E quando abri os olhos, não estava no meu quarto, estava na verdade, muito longe de casa. Já era dia e criaturas de diversas formas passeavam por ali, tagarelando. Então fui obrigada a me recordar de onde estava metida.. Em um mundo secreto por baixo do cemitério onde estavam enterrados meu amados pais. Quanto disso era sonho e quanto era real? Como eu pude estar na casa da tia e em Gautama ao mesmo tempo? Estava começando a me encolher no meu canto sentada em uma rua qualquer daquele estranho lugar, com o sentimento de solidão outra vez tomando conta de mim, quando reparei num macaco, que na luz do dia, não era muito parecido com o que eu tinha em mente do que deveria ser um macaco. Ele estava sentado, um tanto afastado, mas ainda perto o suficiente, me encarando, com um ar muito inocente. Tinha ele a estrutura de um pequeno macaco, como um mini chimpanzé, mas tinha um nariz achatado que me lembrava muito a narina bigoduda de uma foca. A pelagem era amarelo desbotado e tinha muitas manchinhas pretas, como um leopardo. E seus olhos não tinham partes brancas, a íris preta e brilhante ocupava todo o espaço. Deveria soar assustador, mas esse detalhe lhe dava um visual dócil. A criatura se aproximou -pelo menos o andar era como um verdadeiro macaco.

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⏰ Terakhir diperbarui: May 10 ⏰

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O Conto de Gautama: A Viagem de JaimeTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang