- A Trapaça dos Competidores -

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— Com certeza ainda tem alguns mestres nessas salas — disse Joron.

— Como que esses velhos conseguem ficar tanto tempo com a cara enfiada em livros?

— Eles são mestres, eles nunca vão achar que estudaram o suficiente – Derion esclareceu.

— Joron disse que tu quer ser tão inteligente quanto um mestre também, não é?

— Se tratando de inteligência, sim.

— Que bosta.

Derion se surpreendeu pela reação de Enerius, mas de uma forma negativa. Teria ele dito algo que não deveria?

— É agora, me sigam seus otários.

Após avistar um mestre transitando de uma sala para outra, Joron saiu de trás da esbelta coluna e acenou com a mão para os outros lhe seguirem atrás de si. Os quatro não correram em disparada, mudavam de coluna em coluna e bisbilhotavam o interior das salas para saberem quais possuíam pessoas dentro e quais não. O grande salão não estava escuro como o corredor dos dormitórios, neste havia candelabros dourados que emitiam a luz das esferas que pairavam em suas pontas. Os quatro atravessaram cautelosamente e por sorte não se depararam com nenhum mestre ou funcionária.

Quando enfim chegaram no final do grande salão, eles se encontraram diante de uma larga escadaria branca que permitia o acesso à entrada do grande templo. Os quatro certificaram-se de descer sem fazer nenhum barulho e observavam ao redor para ver se alguma funcionária transitava pelo local. A ala abaixo da escada era destinada somente às funcionárias do templo que exerciam suas funções de cozinheiras e copeiras. O local possuía copas em locais mais afastados com a finalidade de guardar objetos de limpeza e armazenar os alimentos que eram fornecidos para as refeições diárias dos mestres e alunos.

Os quatro atravessaram a área sem demora e adiante deles estava a enorme porta que permitia o acesso ao pátio central do templo. A porta era negra, o que entrava em contraste com as paredes brancas. Esta estava aberta pois as funcionárias a atravessavam a todo momento. Observando aos redores para certificar-se que ninguém os havia visto, atravessaram a porta rapidamente e a puxaram para deixá-la semiaberta da mesma forma que estava antes.

O pátio central do templo detinha várias funções como servir de local para as aulas de Habilidades Mágicas onde os alunos aprendiam a conjurar feitiços e explorar suas capacidades físicas e mentais. Quando eventos importantes exigiam a vinda de nobres em Nerendor, o pátio era o local onde todos deviam ser formalmente recepcionados. O lugar onde o trânsito de andors e funcionárias ocorria durante o dia agora estava um completo silêncio. Não se ouvia barulho de nada, nem de humanos nem de insetos. A escuridão da noite os impediria de vizualizar qualquer coisa que estivesse em seu caminho, no entanto, havia alguns cetros posicionados em fileiras pelas extremidades do pátio cujas pontas mantinham esferas de luz maiores e mais intensas que as do interior do templo.

— Onde estão os trenós? — perguntou Derion enquanto eles estavam escondidos em uma pilastra ao lado da alta porta.

— Eu já falei, eles ficam numa área mais abaixo do monte. Tem uma escada ali nos fundos que leva até lá.

— Mas e os guardas aliais? Eles estão...

— Cara, vê se para de falar — Enerius o interrompeu. — Você está com tanto medo assim?

— Não está vendo os guardas vigiando bem ali? — Derion apontou para o pátio.

E lá estavam eles, as seis figuras posicionadas rigorosamente e exercendo sua função de guarda. Os guardas aliais eram motivo de especulação e curiosidade dos jovens alunos que costumavam observá-los. Sua excentricidade fazia com que todos os estudantes os temessem e esse era um enorme fator para a garantia da ordem e a disciplina em Nerendor.

A Pretensão dos CavaleirosWhere stories live. Discover now