12. vulnerable

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Eu lembro da escuridão e do silêncio, principalmente

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Eu lembro da escuridão e do silêncio, principalmente. Gritei por dias, mas não tive resposta. Ninguém era pago para me ajudar a recuperar minha sanidade, todos só cumpriam fielmente as ordens de Juan Hernandez. E pelas as minhas contas, eu estava naquele cativeiro há pelo menos dezesseis dias.

Quando eu era criança, costumava gostar de histórias assombradas mas na hora de dormir eu ficava com medo mesmo sabendo que elas não eram reais. E o sentimento voltou com tudo quando Juan chegava de noite, como o meu medo mais profundo, pronto para me usar de todas as maneiras que queria e eu, fraca demais para resistir, desistia de fazê-lo entender que eu não era dele.

Porque eu não era.

Uma parte de mim se focava no dia do nascimento de Dave, porque ele sim era a razão que eu tinha para sobreviver.

Juan repetia palavras sujas seguidas de frases românticas que embaralhavam a minha cabeça e não me causavam nada além de nojo. As únicas vezes que ele tinha a minha atenção era quando tocava no nome do meu bebê.

"Posso até conseguir uma foto dele, mas para isso..."

Uma foto. Me sujeitei a coisas horríveis para ter uma foto de Dave, que Juan rasgou em um surto de raiva, destruindo a única coisa física que eu tinha do meu filho.

Porém os traços de bebê nunca foram apagados das minhas memórias.

Assim como o cheiro dele, que eu ainda lembrava.

Da sensação de tê-lo em meus braços.

Do choro.

De como seus olhos me mostravam amor e o quão ele se sentia seguro comigo.

Passei três dias sem a visita de Juan, um capanga qualquer trazia comida duas vezes por dia, além de água. O cubículo tinha uma banheiro minúsculo, mas eu só tinha uma muda de roupas porque tudo o que ele me deixava eram lingeries.

Não senti fome naquele dia. O lugar estava um forno e eu vestia uma camiseta larga por cima da lingerie preta. Era para ser um dia qualquer. Com o silêncio. Mas não foi isso que aconteceu.

Tiros e vozes exaltadas me fizeram encolher na cama.

Não era Juan.

— Abre essa porra!

Peguei a primeira coisa que eu vi — um dos chinelos, me preparando para um possível ataque.

Se realmente fosse um ataque, eu não sairia viva porque nunca tinha visto um chinelo vencer uma luta contra um revólver.

Assim que ouvi a tranca da porta ser aberta, fechei os olhos e gritei jogando o chinelo, tendo a certeza que acertei em algo por conta do estalo.

— Ai, porra!

Abri os olhos e vi um homem negro e alto massageando o lado direito da cabeça.

Dark Side Where stories live. Discover now