23. tell me what you need

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Foi a primeira vez em semanas que eu coloquei os pés no apartamento que eu costumava morar

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Foi a primeira vez em semanas que eu coloquei os pés no apartamento que eu costumava morar. Estava uma bagunça, alguns boletos e revistas espalhadas pelo chão, mas a pior coisa era a janela de vidro da varanda onde tinha um buraco enorme a mostra e com a entrada livre para muitas sujeiras, como lama por conta de chuva forte da madrugada passada.

Hora da limpeza.

Separei tudo que estava espalhado pelo chão, inclusive o tapete que ganhei no Natal passado da minha mãe e enchi o balde de água, lavando todo o piso do apartamento. Após isso, separei as roupas de lá em uma mala, deixando as mais velhas no guarda-roupa para caso precisasse em uma emergência.

Algumas batidas na porta me deixaram alarmado porque apesar de me dar bem com os vizinhos, a maioria deles eram discretos e não muito sociáveis. Espiei pelo olho mágico e soltei a respiração ao ver que era Gillian, a vizinha que morava no final do corredor. Ela tinha quase cinquenta anos e era gentil, vez ou outra eu interagia com o filho mais novo dela, o Gilbert, de apenas onze anos.

Os cabelos acinzentados batiam na altura dos ombros e quando abri a boca para cumprimenta-la, o garoto surgiu por trás dela "me assustando".

— Oi, senhora Halston. Oi Gilbert.

— Oi Joshua. — A mulher também pareceu aliviada.

— Eu falei que não era um ladrão. — O garoto falou olhando para a mãe, que ficou sem reação porém seu olhar de desespero indicou que Gilbert contou mais do que deveria.

— Desculpa, é que você não aparece faz um tempo...

— Tive que me mudar por conta do trabalho.

A mulher sorriu e pelo o pouco que eu sabia dela, uma pergunta sobre o "trabalho" viria a seguir.

— A Jessy está solteira. — Gilbert sussurrou mas não o suficiente para que a mãe não ouvisse, tanto que ela deu um peteleco na cabeça do menino.

Agradeci mentalmente para Gilbert porque a mudança de assunto fez com que o foco não fosse mais eu.

Jessica era a vizinha da frente e nós saímos algumas vezes, ela era muito doce e o máximo que aconteceu foi uma transa casual onde no outro dia nós percebemos que éramos apenas bons amigos.

— Nós já estamos indo, querido. — Gillian anunciou, puxando o garoto. — Se precisar de algo, não hesite em nos chamar.

Concordei antes de ver eles sumindo para dentro do apartamento deles.

Entrei e arrumei as fotos que estavam apoiadas perto da televisão, peguei a que eu mais gostava: toda a família reunida em um dos aniversários das gêmeas, June beijava a bochecha esquerda do meu pai, enquanto Janet beijava a direita, e eu abraçava a minha mãe de lado.

Foi na mesma época em que eu arrumei uma confusão na escola, mas ao contrário do que eu pensei, os meus pais não me brigaram porque eles sabiam que eu estava certo em defender o meu colega. Às vezes, eu sentia saudades desse Joshua mas era estranho pensar que mesmo após me vingar, ele não estaria aqui por completo porque uma parte dele morreu com o meu pai.

Dark Side Where stories live. Discover now