Desde que saiu do México para ter uma vida melhor nos EUA, Blake Campbell passou por situações de risco e na pior delas, acabou perdendo o que tinha de mais precioso.
Numa noite, sem esperanças, ela vê seu mundo girar de cabeça para baixo ao ser re...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
— Mais alto!
Blake estava com chutes bons, quase perfeitos na verdade. Desde a notícia da prisão do West, nós passamos a treinar todos os dias das cinco às sete da manhã, o que ajudava em sua insônia. Dez dias sem qualquer esperança de soltura, segundo Skye, ele ainda permaneceria preso por mais algumas semanas.
— Me bate. — Blake grunhiu com uma cara nada boa.
Foi como se ela acabasse de dizer "bom dia", a naturalidade da frase me deixou preocupado pois conhecia o sentimento. Blake estava sofrendo, ela não admitia mas estava. E principalmente, se culpava. Eu sabia disso porque como ela, eu também não conseguia dormir e ouvia seus passos na madrugada até passar a segui-la e vê-la entrar no escritório do West, passando as noites em claro lá.
Ergui os braços em posição de defesa, não acatando seu pedido.
– Me bate, Davies. — Pediu novamente, só que mais firme, quase como uma ordem.
— Vamos tentar outra coisa. — Comecei, tentando diminuir a raiva dela que era perceptível a quilômetros de distância. — Se você conseguir acertar um golpe em mim, aí eu acerto um em você.
Blake sorriu. Não o típico sorriso espontâneo, quando alguém conta uma piada e sorri, ela não costumava sorrir assim com frequência. O que ela me ofereceu era outro, perverso e diabólico, não era menos lindo que o natural mas combinava tão bem com ela.
— Não pegue leve comigo porque eu não vou.
Não consegui responder pois meu reflexo foi mais rápido quando ela tentou chutar o meio das minhas pernas. Eu já estava familiarizado com o golpe, então Blake precisava mudar de estratégia. Não evitei sorrir e isso a motivou mais ainda, seus socos rápidos e previsíveis foram fáceis de desviar, ela estava ofegante e suada, sua pressa dificultava qualquer chance de me acertar.
— Lutas não são apenas físicas, pense nisso quando quiser acertar alguém mais forte que você. — Me sentindo o próprio Senhor Miyagi falando com o Daniel LaRusso em Karatê Kid.
A diferença era que Daniel não acertaria um bonsai na cabeça do seu mestre.
— Obrigada pelo conselho, mas agora você deve se preocupar mais com a sua defesa do que com o meu ataque.
— Como é?
— Você me subestima. — Explicou, balançando a cabeça. — Eu posso te acertar com facilidade, mas estou poupando a minha vantagem.
— Que seria?
— Seus olhos respondem por você. — Respondeu como se fosse óbvio.
O quê? Me permiti rir da frase e Blake me acompanhou porque soou como uma piada engraçada. Eu por acaso aparentava estar em um daqueles filmes onde um adolescente fica sofrendo pela vizinha gostosa? Não.
