Universo Canon V

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N.A: Para quem não pescou a referência, a parte do Traiu ou Não traiu, faz alusão a Capitu e Bentinho do clássico brasileiro, Dom Casmurro. Eu recomendo fortemente a leitura se vocês não conhecerem.

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Eu senti meu corpo gelar com a constatação de Sasuke. Óbvio que o Kakashi era meu marido, pelo menos para mim, mas a pessoa com quem eu casei e dividia a vida havia ficado em algum lugar no tempo e espaço e estava fora do meu alcance. Talvez sofrendo, talvez o tempo lá corresse diferente e se algum dia eu voltasse, ele nem existisse mais. Senti como se eu o tivesse realmente traído, não a sua lembrança pois, tecnicamente, era ele. Mas o seu sofrimento, onde quer que estivesse.
Eu me sentia absolutamente suja e indigna de ser sua esposa.
Sasuke percebeu a meus pensamentos conturbados pois até o controle do chackra eu perdi.
— Eu... Não quis causar esse constrangimento Sakura, eu estava tentando  brincar com você, eu não levo jeito para essas coisas....- Seu tom de voz mostrava uma emoção, remorso talvez?
— Você tem razão.- Apenas disse e segui meu caminho. A culpa e a dor que eu causava a mim mesma era suficiente para eu ter a certeza de que naquele mundo eu era um erro, um ponto e vírgula que de certa forma estava bagunçando tudo. Talvez meu inimigo fazia bem mais do que bagunçar a minha mente ele estava destruindo todos que eu tocava e mudava o futuro daquelas pessoas. Quem sabe o que aconteceria se eu não estivesse ali?
Talvez Sasuke tivesse enfim matado a Sakura, ou então virado um grande inimigo da folha e eu nunca me casasse com Kakashi. Eu me sinto como uma pedra que atinge a água parada, provocando ondulações.
Após um grande momento de reflexão e pensamentos conturbados, resolvi que vivendo ali naquele mundo eu iria me desvincular da ideia de ser casada com Kakashi, viveria como Sakura, apenas.
E se eu não voltasse para meu universo, bem, iria sair da aldeia e iria viajar, e se eu voltasse, nada do que aconteceu aqui sai daqui. Erros ou acertos.
Após tomar a decisão que eu julguei mais sábia, resolvi me banhar.
Entrei no quarto e fui levada pelos pensamentos a seguir no modo automático, alheia ao mundo. Reparei levemente em alguma marcas no meu corpo e não pude deixar de corar. Kakashi era Kakashi em qualquer lugar do mundo ou do universo. Liguei o chuveiro e ajustei a temperatura para "morno" e lavei meu corpo e cabelo vagarosamente. Nessa altura, já estava quase na cintura. Após terminar meu banho relaxante fui até o quarto de toalha, me esqueci de separar uma roupa para passar o resto do dia.
— Desculpe Sakura.- Sasuke estava vermelho ao me ver e eu só reparei na sua presença quando sua voz atingiu meus ouvidos.
— Ahn?- Virei meu corpo e pude vê-lo do outro lado do quarto. Ele não tirava seus olhos de mim e eu assumi a postura mais séria que consegui.- O que faz dentro do meu quarto sabendo que eu estava me banhando?-
Ele não me respondeu, apenas passou por mim, mas não sem antes de aproximar o suficiente para me olhar nos olhos, eu sustentava o ar decidido e confiante, não era mais uma criança.

Sasuke

Depois de receber aquela missão idiota com a irritante mais velha, eu precisava falar com Naruto. Ele era um bom amigo e havia ficado de conversar com a Sakura para ver se ela estava bem com tudo isso.
— Dobe!?- Disse baixo.
— Yo Teme.- Disse sorrindo largamente.
— Falou com a Sakura?-  Tentei manter a expressão séria.
— Ainda acho que é você quem deveria falar com ela.- Ele coçou a cabeça.- Ela está lidando bem até, melhor que eu inclusive. Ter duas Sakuras é demais pra mim. Kakashi-sensei tentou me explicar mas ele pareceu perdido também. A Sakura mais velha é a esposa dele, da pra acreditar? Ela não fica com você no mundo dela!?!? Dattebayo!- Ele falou animado.
— Calma Naruto! Uma coisa de cada vez.- Disse impaciente.
— Que loucura!- Por fim jogou as mãos para cima.
Um silêncio saudável cresceu entre nós, eu me preocupava com as Sakuras, a mais nova e a mais velha.
— Er... Sasuke? Como é viver com a Sakura "do futuro"?- Ele fez aspas com a mão.
— Ela virou uma cópia da Senju Tsunade misturada com o Kakashi-sensei.- Disse dando os ombros.- Ela da bons conselhos...- Me lembrei da nossa conversa.
— Isso é tão surreal.- Concordei com a cabeça.
Me despedi rapidamente de Naruto e fui novamente para o Distrito Uchiha. Percebi o pelotão dos caçadores ANBU me seguindo, mas sabia que era necessário...
Cheguei em "casa", e fui para cozinha, queria muito comer algo sem ser lámen. Fiz um suco de tomates e tomei. A casa ainda tinha algumas partes com lençol, nós basicamente usamos só os quartos.
Algumas horas depois, Sakura chega, meio descabelada, com um sorriso enorme e um olhar esquisito. Eu estava muito irritado, ela passa horas fora e volta como nada tivesse acontecido.
— Onde esteve?- Digo sem emoção.
— Não é da sua conta.- Ela da os ombros e vai para cozinha mexer na geladeira, mas logo desiste e se direciona para os quartos.
— É sim você mora na minha casa.- Tentei parecer mais firme, até que eu reparei algo estranho na Sakura...
— Eu estava ocupada.- Disse sorrindo de lado.
— Hum, tem um roxo no seu pescoço.- Falei em tom de deboche.
— Isso não é da sua conta. Agora vai arrumar suas coisas, temos missão amanhã cedo.- Ele seguiu para o quarto levemente corada.
— Credo! Nem quero saber com quem estava.- Tentei parecer o mais desinteressado possível.
— Meu marido!!!- Respondeu no alto da escada. Um sorriso sínico se formou em meu rosto.
— Até onde eu sei, seu marido está em outra dimensão...- Constatei por fim .
Ela ficou estática no alto da escada, percebi que seu sorriso havia morrido, seu chackra vacilou algumas vezes e percebi que tinha feito merda.
— Tem razão.- Ela respondeu e sumiu no corredor.
Me senti extremamente culpado, essa Sakura me passava a sensação de que éramos grandes amigos, nós não tínhamos o peso das minhas ações do meu passado, ela conheceu um Sasuke diferente.
Mesmo eu tento esse jeito todo errado, tendo feito coisas horríveis, ela é a única pessoa no mundo a qual eu me importo, a qual a opinião sobre mim é importante.
Subi decido a ver como ela estava, se estava muito zangada. Vejo que ela ainda está no banho, aguardo quase uma hora lá, em pé, próximo a uma janela.
Ela não repara a minha presença até que eu me pronuncie.
— Me desculpe.- Senti minhas bochechas arderem. Lógico que ela andaria nua pelo quarto, afinal, ela não espera que ninguém a importune lá.
Logo ela enrijeceu a postura e assumiu aquela máscara de poder que ela exalava.
E

u saí rapidamente, mas não, sem antes cruzar nossos olhos e esbarrar discretamente seus ombros.

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