30 - Oficialmente sua.

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Willa Sterling

Um silêncio extremamente desconfortável havia se instalado entre nós durante todo o caminho até minha casa após eu ter lido a mensagem de Peter, as mãos de Jared agarradas firmemente ao volante enquanto sua atenção era voltada para a pista com uma expressão carrancuda e dura no rosto. Sua tensão era tanta que eu podia praticamente senti-la emanar de seu corpo.

A mensagem muito provavelmente fora enviada assim que ele pegara o meu celular de cima da mesa de cabeceira, fazendo-o involuntariamente ler através da notificação da tela de bloqueio.

Então esta havia sido a raiz do seu mau humor ao descer as escadas e me entregar o aparelho, pensei.

Quando por fim parou o carro em frente ao edifício, eu esperei algum tipo de reação da sua parte, mas ele permaneceu impassível, e suspirei pesadamente, umedecendo os lábios com a ponta da língua e fechando os meus olhos, não suportando a ideia de simplesmente abrir a porta e ir embora sem nem sentir o seu beijo em uma despedida apropriada.

– Jared – quebrei o silêncio, chamando-o em voz baixa e pousando minha mão sobre a sua coxa. – Não pode ficar chateado comigo por algo que não tenho culpa. Além de que não é justo agirmos com tanta indiferença um com o outro logo após termos tido uma manhã tão maravilhosa e significativa juntos.

– Você não está pensando em aceitar conversar com ele, está? – Simplesmente indagou, direto e sem enrolações, ignorando minhas palavras.

– Jared, eu... – comecei, incerta. – E-eu não sei... T-talvez ele apenas queira se desculpar. Q-quero dizer... Em todo o tempo que estive com ele, Peter nunca...

– Willa, ele bateu em você – me cortou, tirando os óculos escuros do rosto e desligando o motor do carro ao girar bruscamente a chave na ignição. Pela primeira vez desde que deixamos sua casa, desviou o olhar da sua frente e o tornou para mim, o cenho firmemente franzido em indignação. – E não importa se nunca bateu antes, ele lhe agrediu ontem à noite, e não há nada que repare nem justifique isto. Ponto!

Removi minha mão da sua coxa e a corri exasperosamente pelos meus cabelos, em uma difícil busca por calma. Não adiantaria discutir com ele. Somente esses poucos meses que me envolvi com Jared foram o suficiente para que o conhecesse ao ponto de saber o quanto era inútil tentar contradizê-lo quando já tinha uma opinião ou decisão tomada em mente.

– Tudo bem. – Respondi, curta e simples. Ele me lançou um olhar questionador, como se sem entender o porquê de eu ter cedido tão facilmente. Com um suspiro, prossegui: – Não quero que Peter interfira no vínculo que eu e você desenvolvemos, Jared. Se não responder a esta estúpida mensagem de texto é o que você sente ser o correto a ser feito, então é o que vou fazer.

– Você promete? – seu olhar suavisou diante de minhas palavras, a voz assumindo um tom mais ameno.

Eu assenti em concordância, e ele se permitiu liberar a tensão do corpo com um longo suspiro. Desatou o cinto de segurança e virou-se em minha direção no banco, trazendo meu rosto para perto do seu com a mão envolvida na minha nuca até encostar nossas testas e mantive meus olhos conectados nos seus a todo o instante.

– Preciso que diga – sussurrou com os lábios suavemente roçando nos meus. – Prometa que não irá mais vê-lo novamente, meu anjo.

Meu anjo... Peter já se referira a mim dessa forma incontáveis vezes, mas era como se eu nunca nem o ouvisse. Com Jared o meu coração palpitava mais forte e as borboletas voavam no meu estômago de forma extraordinariamente gostosa e única.

– Eu prometo – nem sequer hesitei em sussurrar de volta. Era quase como se me hipnotizasse.

Juntou nossos lábios em um beijo que começou terno e cuidadoso, mas que eventualmente se transformou em uma confusão sensual e deliciosa de línguas se procurando e enroscando com tanto desejo que fez minha cabeça girar.

The Other Man - O AmanteWhere stories live. Discover now