16 - Indo ao seu encontro.

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Jared Leto

Acordei com a droga do barulho incessante vindo do interfone do quarto. Ou eu pelo menos achava que vinha dele, pois apesar de ter uma pequena parte do meu cérebro consciente, ainda sentia o peso do sono e o cansaço devido ao fato de não ter pregado os olhos um único minuto durante aquela madrugada recair sobre mim com toda sua força.

Com a esperança de que aquele aparelho dos infernos cessasse em algum momento, eu continuei na cama. Mas quem quer que fosse o desocupado que resolvera me importunar àquela hora da manhã, não estava disposto a ir embora.

– Merda! – afastei as cobertas bruscamente e me sentei. Uma pontada forte atingiu em imediato minha cabeça e grunhi baixinho, levando os dedos até a têmpora e pressionando-a. Pelo visto a quantidade absurda ingerida de álcool poucas horas atrás vinha trazendo o seu maravilhoso efeito.

Levantei-me e, correndo a mão pelo cabelo todo bagunçado, caminhei até o interfone que ficava a 5 metros de distância de minha cama e apertei o botão.

– Quem é? – indaguei sem o mínimo esforço para parecer gentil.

Sabe, eu fico me perguntando quando será o milagroso dia que eu irei aparecer aqui e você não irá me receber com esse característico humor de cão.

Shannon.

– Já devia ter imaginado que seria você... – soltei um suspiro. – Deveria te mandar ir embora.

Mas não vai.

– E como tem tanta certeza disso?

Ele riu, como eu já esperava.

Tá legal, primeiro de tudo: você que pediu para que eu viesse aqui e afirmou que tinha algumas ideias para compartilhar quanto ao andamento do próximo álbum, então, não faz sentido algum me expulsar. Segundo: eu não tenho culpa se amanheceu explosivo desse jeito. Certamente deve ter um motivo e o mínimo que pode fazer é me deixar entrar e contar o que está acontecendo.

– Só não estou com cabeça para isso agora, Shannon.

Vem abrir logo esse portão, Jared. – E desligou.

– Droga...

Fui com passos vagarosos em direção ao banheiro, franzindo o rosto em uma careta de dor e voltando a pressionar a têmpora. Minha cabeça doía infernalmente e sentia como se cada membro do meu corpo pesasse. Logo lembrei que ainda não havia amanhecido quando finalmente conseguira pegar no sono, mas ainda assim, de alguma forma sabia não ter dormido praticamente nada.

Parei diante o espelho e me deparei com a evidência clara do quanto estava com a aparência acabada: os olhos azuis com o derredor das íris totalmente avermelhados e logo abaixo, bolsas de olheiras parcialmente visíveis e escuras; a barba completamente mal feita e grande; lábios ressecados.

Quando foi a última vez que me permitira ficar desse jeito?

Inclinei-me sobre a pia com a torneira ligada e, decidido a não pensar demais nisso, joguei água no rosto. Quando voltei para o quarto poucos minutos depois, já com a barba mais aparada e enxugando-me com uma pequena toalha, fui direto para o closet. Como já estava vestido com uma calça de moletom, coloquei somente uma camiseta simples de malha azul-marinho, não esquecendo de por último pôr os óculos escuros e dar uma olhada rápida no espelho para colocar os fios dos cabelos em ordem antes de só então deixar o quarto. Desci as escadas para o andar de baixo sem me preocupar com os pés descalços, já que usualmente gostava de ficar assim quando estava em minha casa, e poucos instantes depois já abria a porta e chegava à varanda principal. Sabia que Shannon a essa altura devia estar puto por toda a demora, mas, bem, eu não estava nem aí.

The Other Man - O AmanteNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ