17 - Maldita fraqueza.

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Willa Sterling

Faltava exatos dois dias para Peter estar de volta de uma de suas quase frequentes viagens que fazia a trabalho, dessa vez tendo como destino uma das inúmeras filiais que havia na França de sua renomada empresa tecnológica. E enquanto isso a empolgação que eu tinha para vê-lo não se resumia a nada além de zero.

Meu desânimo era total, e nem que eu mais me esforçasse conseguia mudar isso, o que consequentemente me deixava realmente mal. Que merda havia de errado comigo, afinal? Claro, não era como se outrora sentisse uma espécie de paixão arrebatadora por ele ao ponto de ficar contando os minutos para vê-lo se passássemos sequer horas longe um do outro - claro que não. Mas se isso fosse há um mês atrás eu já estaria ao menos sentindo alguma coisa, nem que fosse uma mínima pontadinha no peito, que eu até poderia defini-la como saudade. Até porque apreciava sua companhia. Seu afeto e amizade. Peter era um homem bom, eu não tinha dúvida disso.

Mas... Ainda que fosse perfeitamente nítido para mim o quanto ele se esforçava durante todo esse período que tivemos de namoro para me satisfazer em todos os aspectos possíveis, era como se... Era como se lhe faltasse algo.

Acima de tudo, o que eu sentia por ele era um carinho especial, disso eu não tinha dúvida. Havia sim uma atração, ou do contrário nem estaríamos juntos. No entanto, mesmo eu sabendo que ele merecia algo muito mais além do que eu lhe dava, os meus sentimentos nunca conseguiram passar disso. E eu não podia mentir para mim mesma ao ponto de me sujeitar a forçar a nutrir um amor que era totalmente inexistente! Seria absurdo, e estaria sendo injusta com ele, o que eu nunca seria capaz!

Soltei um suspiro pesado, erguendo a xícara de café fumegante que segurava com força pela lateral até os lábios, à qual acabara de tirar da cafeteira e tomando um vigoroso gole, olhando reflexiva e cabisbaixa pela janela da cozinha que dava para uma vista, além dos prédios, do céu alaranjado de fim de tarde em Los Angeles. Voltei-me para a bancada onde havia deixado o meu celular e me recostei nela, baixando o olhar para a tela de bloqueio ainda acesa.

Mensagem de Peter Clark:

*Oi, meu amor. Como tem passado seus dias? Espero que tenha sido tão torturante quanto os meus foram sem você. Estou com saudades. Te amo.*

Como eu havia passado os meus dias? Ah, Peter, se você ao menos sonhasse que no primeiro dia em que você foi embora mal se passaram algumas horas até que eu fosse a um clube noturno e lhe traísse com o primeiro homem que me abordou em um bar e que, ah, inclusive, ainda alega ser seu amigo! Se você ao menos sonhasse que, apenas quatro dias após aquela noite fiquei com ele novamente e que, ainda pior, eu gostei e ainda quis mais! Que metade do tempo quando não estou sentindo culpa, são os pensamentos libidinosos que tenho constantemente com ele que tomam totalmente o lugar na minha mente, indo além do meu controle, fazendo-me tocar a mim mesma antes de dormir à noite, me sentindo tão suja por me sujeitar a isso, mas ainda assim me permitindo ser tão fraca ao ponto de não querer nem me esforçar para me impedir de fazê-lo.

Larguei a xícara com as mãos trêmulas fazendo soar um baque sobre o mármore do balcão e me apoiei nele com os cotovelos, correndo os dedos pelos cabelos em um ato agoniado. Preparei o café com o intuito de acalmar os meus nervos, mas não estava funcionando.

Já havia perdido a conta das vezes que lera as malditas mensagens de Peter. Tentava, juro que tentava, sentir alguma droga de coisa. Mas aquelas palavras não me despertavam nada. Nada. Nem ao menos um sorriso singelo conseguia se despontar no cantinho da minha boca. E isso era uma merda.

The Other Man - O AmanteWhere stories live. Discover now