26 - Libertação.

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Willa Sterling

Antes...

Meus batimentos se encontravam descompassados de tal forma ao ponto de eu temer ter um ataque cardíaco dentro daquele banheiro. O nervosismo tensionava cada músculo do meu corpo e me desencorajava a concretizar o que vinhera me preparando para fazer desde que abrira os meus olhos naquela manhã.

Seria agora.

Precisava ser agora.

Quanto mais o tempo se prolongasse, mais minha coragem se esvairia e eu não podia permitir isso acontecer, pois merecia e iria arcar com as consequências de meus atos.

Eu me deliciei de cada segundo daquele maldito erro, e uma parte de mim ao mesmo em que se atraía, a outra sentia repúdio da mulher à qual havia me tornado; à qual ele me tornou. Sim, a partir do momento em que pousou aquelas duas esferas azuis pecaminosas em mim pela primeira vez, eu já estava perdida. Completa e irremediavelmente perdida.

Jared me fizera desfrutar de prazeres dos quais antes de conhecê-lo eram inimagináveis para mim, descobrir um lado oculto e adormecido dentro de mim cujo eu nunca em toda minha vida imaginei guardar. Com Peter, eu não me sentia ousada e livre ao ponto de implorar por mais em uma transa, ao ponto de adorá-lo com meus beijos, meu toque, ao ponto de sentir como se cada partícula do meu corpo inflamasse em desejo e o meu coração a qualquer momento fosse explodir de tanta emoção somente em vê-lo. O perigo e a sensualidade refletidos nas íris azuis de Jared me atraíam de tal forma ao ponto de eu só querer esquecer o mundo, os julgamentos, a razão e somente me entregar de corpo e alma àquele sentimento forte e enlouquecedor de atração que me consumia sempre que estava perto dele.

Atração?

Seria mesmo SÓ atração?

Essa era a primeira vez à qual me fazia essa pergunta, e um bolo sufocante se formou em minha garganta, os olhos se enchendo de lágrimas quando a verdade que eu vinha querendo ocultar desde o início agora se fazia forte e pulsante dentro do meu peito.

Não... Eu não podia ter me apaixonado por ele, podia?

Deixei-me escorregar pela parede de azulejos do enorme banheiro e um soluço alto escapou de minha garganta, sendo seguido por outro e mais outro, até meu peito explodir em uma onda de choro incontrolável.

Três batidas suaves foram desferidas na porta trancada, e a voz de Peter soou abafada:

– Willa? Amor? Está tudo bem? Já faz quase duas horas desde que você se trancou aí dentro.

Respirei fundo e esfreguei freneticamente as mãos pelo rosto, na vã tentativa de secá-lo. Levantei-me do chão e prendi meus cabelos bagunçados em um coque, fechando os olhos e contando até três em mente antes de só então caminhar até a porta para abri-la.

Peter franziu a testa ao me ver, e eu imediatamente já soube que minha cara inchada, cílios úmidos e nariz vermelho lhe deixava explícita minha deplorável situação.

– Estava chorando? O que houve, meu amor? – deu um passo à frente com a intenção de me tocar, mas desviei o rosto, olhando para o chão. Não suportava tê-lo me tratando com tanta excessividade de carinho, pois eu merecia totalmente o oposto. – Tenho notado você estranha... Está com cólica? Quer que eu traga um remédio e faça uma massagem em você?

Droga! Apenas pare de ser tão estupidamente afetuoso!

– Precisamos conversar – falei com a voz firme, sem coragem de olhá-lo nos olhos, ou desmoronaria.

The Other Man - O AmanteDove le storie prendono vita. Scoprilo ora