18 - Irresistível.

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Jared Leto

Eu nunca estive tão consciente da presença de uma pessoa quanto agora. Sua respiração, os momentos quando engolia em seco, as mãos provavelmente suadas que pela minha visão periférica percebia ela arrastá-las nervosamente pelas pernas desnudas. Cada mínima ação despertava algo como uma quentura em meu maldito corpo que a desejava tanto.

Eu me sentia tenso, nervoso, com a mão agarrada firmemente ao volante, e estar assim me irritava, uma vez que sempre era eu quem transpassava tranquilidade e controle na situação quando estava com alguma mulher.

Mas independente de qualquer coisa, não iria bobear no meu plano. Willa não cederia com facilidade aos meus anseios e por isso a induziria ao que eu queria aos poucos, com paciência, cautela. Eu a veria basicamente como uma presa. Iria espreitar com toda a sutileza possível até que finalmente chegasse o momento certo para atacar.

Já estava fazendo muito em tê-la procurado após a primeira vez que fiquei com ela, então não podia vacilar e acabar indo mais longe do que já havia me atrevido a ir. Não podia. Precisava manter isso como um mantra em minha mente.

A última vez que uma mulher me desestabilizou tanto a este ponto fora há mais de dez anos atrás. O fim que tudo acarretou fora o suficiente para me fazer ter aversão ao que quer que fosse relacionado a essa coisa tão auto-destrutiva chamada sentimento. Era algo que só de cogitar a possibilidade de acontecer novamente me dava repulsa.

Um silêncio pesado predominava entre nós. A tensão sexual era gritante. Era como se o espaço pequeno do carro nos provocasse esse clima. As lembranças do que fizemos a última vez que estivemos juntos aqui... cada detalhe invadia minha memória de uma vez, e de alguma forma eu sabia que à dela também.

– Você não retornou minhas mensagens, ligações... – comecei a dizer, mas ela rapidamente atropelou minhas palavras:

– Acredito que eu não precise esclarecer o motivo tão óbvio.

Eu dei um sorriso pequeno.

– Não. Não precisa.

Ela suspirou de modo exasperado.

– Nem sei o que estou fazendo aqui. Estou cometendo o mesmo erro pela terceira vez. Traindo Peter pela terceira vez. Isso... Isso é imperdoável.

– Você não está traindo ninguém.

– Estou a caminho disso.

– Eu falei que só queria conversar com você, não falei? Então não se preocupe. Não pretendo induzí-la a ir mais além do que isso. Só quero conhecer você.

– Sim, mas com que finalidade? Não já conseguiu o que queria comigo?

Dei de ombros.

– Gosto de você. Sei que não acredita em mim, mas eu não a vejo apenas como um pedaço de carne. – Eu queria muito estar mentindo para ela com relação a isso. Queria muito estar dizendo isso como uma forma de ganhar sua confiança somente para então dar o golpe final que era o de usá-la e então a descartar quando finalmente me desse por satisfeito. Tendo-a exatamente apenas como isso, um pedaço de carne. Era assim que eu queria vê-la. Mas, droga, por que não estava sendo assim? Por que essa mulher me despertava interesses e sensações completamente correspondentes a tudo o que eu um dia impus como condição nunca mais me permitir sentir novamente? Que porra! Não deveria ser assim! Está errado!

Inspirei fundo e soltei o ar devagar, querendo acalmar os meus nervos.

– Ainda tenho minhas dúvidas quanto a isso – replicou ela.

The Other Man - O AmanteWhere stories live. Discover now