25 - Choque de realidade.

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Willa Sterling

O vento fresco do fim daquela madrugada colidia forte de encontro ao meu rosto parcialmente coberto pelo capacete da moto, e um sorriso inesperadamente largo tomou forma em meus lábios ao me dar conta do quanto me sentia feliz naquele simples instante – só pelo fato de estar ali, com ele, gozando da tão maravilhosa sensação de liberdade que era poder envolver meus braços em torno de seu tronco firme e apertá-lo contra mim. Me frustrava saber que era questão de minutos para que esse nosso momento mágico chegasse ao fim.

Foi como se um abrupto choque de realidade me atingisse quando me dei por conta de que não queria que aquilo acabasse. Nem hoje, nem nos próximos dias, meses, nunca. Jared estava mexendo comigo de uma forma perigosa e eu já me sentia presa em sua teia de encanto de irremediável forma que era tarde demais para escapar com facilidade. 

Eu o queria para mim. Fervorosamente. Essa era a verdade à qual vinha tentando em vão fugir desde o início.

Parou a moto e a desligou, aguardando que eu descesse da mesma para então fazer o mesmo. Eu devolvi o capacete para ele, sacudindo a cabeça para espalhar meus cabelos e o colocou sobre a garupa junto ao seu.

Ele  circundou minha cintura antes que eu pudesse dizer qualquer coisa e me colou ao seu corpo.

– Você não pareceu com medo ao voltar comigo na moto dessa vez.

Eu sorri suavemente.

– Quando eu era adolescente, eu e minha família sempre fazíamos uma viajem para o campo nas férias. Meu irmão participou de um campeonato de motos uma vez, e quando foi fazer uma curva veloz o pneu estourou e ele foi arremessado para longe. Passou dias desacordado em uma cama de hospital, e nós quase o perdemos. Por isso o meu medo.

– Eu nunca arriscaria causar um único arranhão em você – envolveu uma mão em minha nuca e os seus olhos azuis estavam repletos de uma emoção profunda e indecifrável ao se fixarem nos meus por longos segundos, antes de descê-los devagar para minha boca.

Envolvi meus dedos em seu cabelo macio, minha outra mão espalmada sobre seu peitoral firme, amando essa sensação de contato com ele e desejando que isso não precisasse ter um fim.

– Eu sei – murmurei. – Você consegue me passar essa segurança.

– Não quero te deixar ir – sua voz saiu rouca e sussurrada, fazendo meu coração galopar feito louco no peito, por sentir em imediato que essas palavras carregavam um peso de significado muito maior do que o de simplesmente me deixar ir embora naquele momento.

Eu não consegui responder nada, estática, com medo até de que meus batimentos cardíacos descontrolados parassem, tamanha era a onda de emoção forte que me invadia. E então ele capturou minha boca na sua em um beijo lento e molhado. Eu me senti derreter em seus braços no mesmo instante, gemendo e oferecendo de bom grado minha língua para que fosse chupada. Será que um dia iria conseguir viver sem isso?

Agarrei-o e ali nós nos devoramos, transmitindo somente em um beijo uma fome que era impossível de descrever sua dimensão em palavras, separando-nos somente quando nossos pulmões chegaram ao limite da falta de fôlego.

– O sol ainda mal nasceu...  Não quer subir e conhecer meu apartamento? Ficar ao menos para o café da manhã – não resisti em pedir, arfante, porque simplesmente também não queria deixá-lo ir.

The Other Man - O AmanteWhere stories live. Discover now