Um começo.

21 1 0
                                    

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.


Jared Leto

Quando parei o carro em frente à casa a qual Melissa havia me enviado o endereço, foi inevitável que meus batimentos cardíacos acelerassem de forma descomunal contra o peito, no que eu imediatamente reconheci como uma inoportuna crise de ansiedade, pois a falta de ar também me acometeu e tornou o espaço dentro do carro ainda menor, como se paredes começassem a se fechar ao meu redor.

Precisei abrir a porta do carro em um movimento brusco para sair e procurar desesperadamente por ar, sufocado.

Porra, eu estava a poucos metros de distância de ninguém menos que minha filha, a quem um mês atrás eu não sonhava com a mínima possibilidade de sua existência.

Pressionei a mão estendida sobre o meu peito e inspirei fundo, soltando o ar devagar e repetindo o processo até que finalmente conseguisse que os batimentos cardíacos normalizassem, o que não foi fácil. Foi só então que me permiti sentir a brisa fresca e salgada da região praiana soprar em meu rosto, trazendo-me um pouco de racionalidade. Recomponha-se, merda.

Abri a porta traseira e peguei as duas caixas embaladas com os presentes que havia comprado há poucos minutos e deixado sobre o banco de trás. Ao fechar, travei todas as portas e ativei o alarme do carro. Então, estando seguro de que havia me acalmado o suficiente para não transparecer o meu nervosismo, me encaminhei até a casa.

Quando bati à porta, levou poucos segundos para que fosse aberta por Melissa, quase como se ela já estivesse a minha espera. Estava ainda mais bonita do que anos atrás, mesmo que agora mantivesse uma aparência simples e sem vaidade, o rosto limpo de qualquer maquiagem e os cabelos loiros presos em um rabo de cavalo arrumado, olhos castanhos e límpidos, usando short jeans e blusa regata preta justa.

– Oi, Jared. Como vai?

Ela me abriu um sorriso trêmulo e inseguro, visivelmente nervosa, certamente pela indiferença e frieza com a qual eu a olhava sem nenhum disfarce, cumprimentando-a com um aceno curto. Eu tinha plena consciência de que se eu quisesse fazer com que as coisas funcionassem como deveriam em minha relação paternal, teria que me esforçar para ter uma convivência no mínimo civilizada com a mãe da minha filha, mas meu orgulho e revolta por tudo o que essa mulher provocara no passado ainda fazia os meus instintos lutarem contra.

– Onde ela está? – indaguei, sem preâmbulos. A postura de Melissa enrijeceu diante do meu tom de voz seco, e apertou forte a maçaneta da porta, embora mantivesse a expressão neutra.

– Brincando no quarto dela. Já conversei com ela tudo o que precisa saber até o momento sobre você, e está ciente da sua chegada. Vem, vou te conduzir até lá em cima. – Abriu espaço para que eu entrasse, e assim o fiz.

Indiquei as duas caixas embaladas em minhas mãos, explicando:

– Passei em uma loja de brinquedos no caminho e acabei comprando isto. Você acha adequado que eu entregue para ela agora, em um primeiro contato, ou deixo para outro momento?

The Other Man - O AmanteWhere stories live. Discover now