37 - Apenas você.

80 5 36
                                    

Willa Sterling

Droga, minha mão estava realmente suando.

Durante os três anos dos quais Peter e eu estivemos juntos, nunca sequer considerei o dever de ter que apresentá-lo a minha família. E não se tratava apenas de procrastinação por eu simplesmente não querer: eu simplesmente sentia que não seria o certo.  E, bem, o fato de eu ter morado distante dos meus pais ao longo de todo esse tempo somente me ajudou a adiar o momento com mais facilidade, aproveitando das inúmeras justificativas acerca da distância ou do tempo corrido que não contribuía para que acontecesse.

No fim das contas, foi um relacionamento que eu covardemente empurrei com a barriga, e foi necessário que outro homem surgisse na minha vida e estourasse essa bolha de ilusão para que só então eu tomasse convicção do que sempre esteve claro como água desde o início, e eu somente me recusei a enxergar por puro medo de enfrentar a realidade: entre Peter e eu nunca houve sequer uma fagulha. Ele nunca me pertenceu, e tampouco eu a ele.

Olhei para o homem lindo e confiante que estava ao meu lado, segurando minha mão com firmeza. O único e verdadeiro dono de cada genuíno suspiro de prazer que saía da minha boca e formigamento na pele; dos meus sorrisos espontâneos e palpitar acelerado das batidas no peito; o homem que pouco menos de 24 horas atrás abandonou todas as responsabilidades e atravessou o maldito oceano atlântico pelo simples fato de querer desfrutar de um tempo de qualidade comigo.

E, bem, agora estávamos aqui, parados em frente à porta da casa dos meus pais e a única sensação que me tomava – além do evidente nervosismo – era a de alívio por sentir com plena convicção que o que estava fazendo era certo.

Seu cabelo ainda estava um pouco fora de ordem como consequência da rapidinha de minutos atrás quando meu raciocínio nublado pelo desejo decidiu que seria uma ideia brilhante fazer sexo dentro do carro quase a ponto de sermos flagrados por algum vizinho fofoqueiro dos meus pais, e por mais que ele tenha se esforçado para desamassar a camiseta, o tecido ainda se encontrava um pouco amarrotado. Céus! Eu não queria nem imaginar como estava minha aparência agora.

Um sorrisinho travesso começou a querer cruzar seus lábios rosados, pois ele imediatamente soube o que se passava na minha cabeça.

– Willa, já falei pelo menos umas dez vezes nos últimos 5 minutos que você está perfeita e ninguém vai desconfiar de nada, então pare de fazer essa cara.

Não tive tempo de responder, pois a porta de madeira por fim foi aberta, e me deparei com os olhos brilhantes de minha mãe, tão verdes e grandes quanto os meus. Estava linda, como sempre. Mesmo com a maquiagem discreta, era perceptível o quanto Elisabeth não precisava se esforçar nem um pouco para transparecer jovialidade, ainda esbelta e exalando elegância, mesmo que já estivesse quase entrando na casa dos 60 anos.

– Meu Deus! Eu imediatamente soube que era você – disparou até mim e envolveu meu corpo em um abraço que retribuí no mesmo segundo, apertando-a forte contra mim e inspirando o aroma maravilhoso e característico de seu perfume cítrico que sempre me trazia a acolhedora sensação de lar. Eu a amava tanto que chegava a doer.

– Mamãe...

Afastou-se e me examinou com um sorriso emocionado nos lábios, as bochechas coradas e o rímel levemente borrado ao redor dos olhos devido às lágrimas.

– Meu amor, você está tão linda! Já estava nervosa com a possibilidade de que não viria. Richard saiu com seu irmão para fazerem a corrida matinal de todos os dias, mas já devem estar voltando dentro de alguns minutos. Vamos, entre...

The Other Man - O AmanteWhere stories live. Discover now