Capítulo 76 - Duende Dourado

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O sol já estava quase se pondo quando meus sogros e eu saímos de casa

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O sol já estava quase se pondo quando meus sogros e eu saímos de casa. Estava no banco de trás do carro segurando um buquê de hortênsias. O vidro da janela estava aberto na metade para que o vento bagunçasse meus cabelos propositalmente, gostava de me assemelhar a um leão, me fazia sentir majestosa e imponente. Talvez as outras pessoas me vissem como louca por sair de casa despenteada, mas eu não ligava, até achava o pensamento engraçado.

Apenas Micaella e eu saímos do carro e demos continuidade até o nosso destino. Meu sogro ficara no carro, esperando nosso retorno. Fixei meu olhar para o caminho de pedras até a entrada de portão de ferro escuro com as pontas formando bonitos símbolos no topo. Uma placa de metal, ao lado direito do portão, informava do que o lugar se tratava, mas fora o tempo que precisei lê-la para identificar o local. Era um dos lugares que, infelizmente, mais frequentei nos últimos anos. Mas já fazia algum tempo desde a minha última visita.

Entramos no cemitério e seguimos pelo caminho de asfalto. Passamos pelas centenas de lápides até chegarmos no túmulo de minha mãe. Sorri ao ver as margaridas que haviam colocado no vaso dela. Agachei ficando de joelhos sobre a grama e coloquei as hortênsias que havia trazido junto com as outras flores.

–Eu sei perfeitamente o que você está sentindo – disse Micaella se ajoelhando ao meu lado.

–Eu ainda sinto muita tristeza, sabe? – digo fitando a pequena foto no túmulo acima do nome da minha mãe. – Mas eu também sinto gratidão. Não por ela ter morrido, isso nunca. Mas por ela ter me feito entrar naquele baú e ter me pedido para não sair. Aquele ato salvou minha vida e me permitiu conhecer seu filho. Hoje eu amo minha mãe mais do que nunca.

–Demorou alguns anos para que eu soubesse lidar com a morte da minha mãe – disse Micaella com a voz branda e serena. – O começo é sempre mais difícil, mas aí o tempo passa e você constrói sua nova família e volta a ser grata pelas coisas boas e amadurece com as ruins.

Nos encaramos com cumplicidade.

–Mas a saudade nunca passa – digo e ganho um meio sorriso triste dela.

–Nunca.

***

O que era para ser só uma semana foi inevitavelmente prolongada. Um mês após estarmos de volta à Miami as coisas estavam normais novamente. Ou passaram a ser normais. Leon teve que voltar a trabalhar na sua empresa, pois ele não havia gostado da proposta de vender a mesma por um valor injusto, então estávamos aguardando um novo comprador. Lauren voltara aos estudos e agora fazia aulas de música durante toda a tarde. Micaella voltou a dar aulas de filosofia e Bryan retomou à rotina normal de um policial. Só eu que ficava o dia inteiro em casa sem nada para fazer. Tentava preencher meu tempo cuidando e brincando com os cachorros e isso era prazeroso. Mas eu não aguentava mais ficar em casa vendo paredes pintadas e tetos brancos. Eu havia prometido a Leon que não iria sair de casa sozinha, mas eu precisava fazer coisas ao ar livre! Ver paisagens e o infinito céu azul. Eu precisava dessa liberdade de espírito. No entanto, eu também não conseguia quebrar uma promessa.

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