Capítulo 71 - Me entreguei a ela

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Acordar e ver que sua vida não é um sonho ruim, um pesadelo, é doloroso

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Acordar e ver que sua vida não é um sonho ruim, um pesadelo, é doloroso. Viver com a dor de saber que você nunca mais voltará a ver a pessoa que ama, é doloroso. Sentir um buraco se abrir no peito cada vez que você pensa na pessoa, é doloroso. Eu queria ser forte. Queria chorar pela morte de Louis, ficar triste ao lembrar da infeliz vida que ele levava, sofrer por nunca mais poder pensar que um dia nos reencontraríamos e ele me daria boas notícias sobre sua nova vida, mas contudo, ser forte e continuar vivendo, continuar a amar o privilégio de poder viver. Mas eu não consigo. Não sei de onde tirar forças para seguir em frente. Não sei como continuar...

O que mais dói quando penso em Louis, é saber que ele nunca mais vai ter a oportunidade de viver a vida que ele queria e não a vida que impuseram a ele.

"–A vida perfeita para mim, a que eu queria viver, é a que a maioria despreza e reclama por ser entediante. Eu nunca fui ao cinema. Nunca fui a um jogo de beisebol ou basquete. Nunca fui a um parque de diversões ou planejei uma viagem. Eu nunca vivi para mim."

Se as pessoas tivessem a chance de ter conhecido o verdadeiro Louis, aquele que sonhava coisas simples e te contava desejos pessoais, entenderiam porquê sua morte é tão dolorosa. Louis nunca viveu para ele. Era apenas mais uma marionete do crime. Ele viveu para se vingar da minha família e no final, falhou em seu único propósito.

Eu não consigo imaginar o que deve ter passado diante dos olhos dele quando viu sua morte chegar. O filme de toda sua vida passando num piscar de olhos... ou será que foi lentamente? Um nó se forma em minha garganta todas as vezes que penso nisso, meu coração é rasgado inúmeras vezes. A morte de Louis deixou um buraco profundo e devastado dentro de mim, acho que nada será capaz de tampá-lo.

Não tenho mais noção do tempo, não me pergunte que dia é hoje, pois não saberei a resposta. Só sei que os dias estão passando e que o fim dessa história está próximo.

Eu não sinto mais fome, não sinto sede ou vontade de sair do escuro. As únicas coisas que sinto é frio e dor. Me pergunto se um dia sentirei vontade de ver a luz do sol novamente.

–Já faz duas semanas que ela está nesse quarto sem comer, sem falar, sem sair! Isso não pode mais continuar assim! Ela tem que sair deste hospital, mãe! – ouvi a voz de Leon se exaltar.

–Mas aqui ela ainda se alimenta por aparelhos, Leon. E se ela voltar para casa e não quiser comer? O que faremos? Não podemos enfiar comida na boca dela e obrigá-la a engolir! – disse minha mãe com a voz instável, como se quisesse chorar.

–Ela precisa sair daqui, mãe, este lugar não está fazendo bem para ela. Vamos encontrar um jeito de convencê-la a voltar a viver – disse Leon e aquelas palavras entraram no que sobrou do meu coração.

Gêmeos em AçãoWhere stories live. Discover now