Capítulo 49 - Pela segunda vez / Parte I

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Não havia conseguido voltar

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Não havia conseguido voltar. Fazia mais de cinco horas que eu estava na praia, passei todo esse tempo sentado em uma grande rocha. Estava na mesma praia e na mesma rocha que trouxe Emy uma vez. Lembro como se fosse ontem, tinha sido nosso primeiro encontro, começou pelo museu e planetário, em seguida o restaurante e por último, aqui. Era uma paisagem especial e com certeza um lugar muito bonito para se estar. As ondas vindo do horizonte, o brilho do sol refletindo em cada gotícula da superfície, os pássaros sobrevoando o mar, os barcos ao longe... Uma paisagem linda que entrava em contraste com a minha dor.

Há mais de cinco horas atrás recebi uma ligação da minha mãe, parece que a polícia tinha notícias sobre Emy. Certamente era para informar que haviam encontrado o corpo dela... Involuntariamente, as lágrimas começaram a cair. Comecei a chorar feito criança. Não podia suportar o fato de que não teria mais Emy ao meu lado, não teria a chance de ver suas expressões e não poderia tentar decifra-las mais. Nunca mais inalaria seu cheiro de frutas vermelhas e canela, muito menos teria como recompensa seu sorriso. Não ouviria mais o doce som da sua voz e nem acordaria em sua companhia. Nossos lábios não se tocariam e assim nunca mais selaríamos nosso amor. Não iria mais sentir seu corpo no meu e o seu calor não me aqueceria nas noites frias. Seu corpo não estaria mais ao meu alcance e o meu prazer também não. Não teria mais sua beleza para admirar e com ela se fora toda inspiração. Sem Emilly não existia mais arte. Não existia mais Leon.

Eu não podia suportar um mundo sem Emilly. Ela levou consigo a minha alma. Agora eu não passava de um mero corpo. Um mero corpo humano sem propósito, cuja o único objetivo é respirar. A dor estava me corroendo, já não tinha forças nem mesmo para puxar o ar. Sentia que a qualquer momento meu corpo cairia nas pedras lá embaixo.

Tentei imaginar minha vida sem Emilly. Como seriam os meus dias sem ela? Como seria acordar e não vê-la ao meu lado? Como seria voltar todos os dias para casa e não a encontrar me esperando? E as noites? Como dormiria sem o calor do teu corpo? Como ficaria sem o seu "boa noite"? Como viveria sem ouvir ela me chamar de "garoto dos olhos bonitos"? E o seu olhar? Como ficaria sem aquele par de olhos sonhadores? Qual seria a graça de sentir o perfume das flores se o seu não seria mais presente? Quem me inspiraria a escrever poemas e desenhar o indecifrável? Quem me amaria com toda pureza do mundo? E por quem eu viveria?

Tentei me visualizar num futuro imaginável, um futuro onde Emilly não existia. E acabei descobrindo que eu não tinha mais vida se a dela não existisse.

Fiquei de pé sobre a rocha. Não olhei para outra direção que não fosse a minha frente. Sabia que o mar estava a mais de dez metros abaixo. Podia ouvir as ondas quebrando nas perigosas pedras. A queda seria dolorosa, mas lembrei que Emy disse uma vez que o mar era como um grande manto pronto para abraçar aquele que se permite deixar levar por suas águas. Então seria apenas uma questão de segundos para o mar me acolher. De qualquer forma, qualquer dor física não era comparável com a dor que eu estava sentindo do lado de dentro. A dor do meu corpo se chocando contra as pedras e depois caindo no mar seria um remédio para eu esquecer da dor insuportável de perder Emilly. Mas eu também não queria pensar na dor física quando eu caísse na água. Não iria desperdiçar meu últimos momentos com tais pensamentos. Meus últimos pensamentos deveriam ser restritos ao quão fantástico foi ter conhecido e casado com a mulher que mudou meu mundo completamente. Ela verdadeiramente havia me trazido à vida.

Gêmeos em AçãoWhere stories live. Discover now