Capítulo 35 - Por elas

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Fragmentos

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Fragmentos. Pequenos pedaços de vidros que caiem feito uma cascata. Apenas fragmentos ao chão. Incolor e palpável, cortante e fatal.

O meu mundo pode ser descrito como aquela vidraça que se partiu e foi ao chão em inúmeros fragmentos. Meu mundo foi estilhaçado com aquela vidraça. Tudo o que consegui fazer foi correr e gritar por Emilly e Lauren quando vi aqueles homens colocarem elas dentro de um carro preto. Mas era tarde demais. Quando consegui chegar ao lado de fora o carro já havia partido. Um desespero crescente se instalou em mim, as lágrimas que vieram a seguir foram inevitáveis. O som ao meu redor se tornou apenas murmúrios, meu corpo estava paralisado e mal conseguia puxar o ar para os meus pulmões. Até que senti alguém tocar o meu ombro e todo o barulho do mundo voltou como uma grande orquestra desafinada e barulhenta.

-León, chame a polícia, vou checar as câmeras de segurança do restaurante - era Tracey. Seu semblante era rígido, sua postura quase lembrava uma rocha de tão sólida. Mas seus olhos deixavam transparecer todo seu medo e desespero.

Tirei meu celular do bolso e disquei o número da polícia. Todas as minhas ações e falas a seguir foram automáticas, até parecia um robô perfeitamente programado. E talvez fosse isso o que acontecesse quando eu entrava em pânico, meu corpo reagia no automático enquanto meu subconsciente se estagnava.

Os minutos que se seguiram foram como flashs embaçados. A polícia, a delegacia, meu depoimento, meus pais... Tudo acontecia sem eu me dar conta, era como se meu corpo estivesse ali enquanto minha mente vagava em uma órbita escura e muito distante. As pessoas falavam comigo, mas eu não respondia, não por falta de vontade, eu só não conseguia. Minha garganta estava tão seca que chegava a ficar áspera e talvez fosse por isso que as palavras não saíam, elas morriam em minha boca. Eu estava completamente em choque, em pânico, travado. E era assim que meu corpo reagia.

Talvez eu tivesse ficado tempo demais naquela cadeira da delegacia, imóvel igual uma pedra, pois meus pais ficaram assustados e quiserem me levar em algum hospital, mas eu neguei com a cabeça. E fiquei naquele mesmo lugar por mais uma hora, duas, três, quatro, cinco... Até que o sol começou a aparecer no horizonte. Aquela grande janela em minha frente, com persianas brancas, me permitiu ver a luz do sol cortar as nuvens e iluminar o estacionamento policial. Alguém sentou ao meu lado e por alguns instantes fitou o sol nascendo também.

-Eu sei que você está em pânico e acredite, eu também estou - Tracey começou a falar. - Mas não podemos deixar isso nos controlar, elas precisam de nós. Seja forte, León, por elas.

E com um solavanco minha mente foi puxada de volta para nossa órbita. Àquelas palavras me fizeram despertar. Emilly e Lauren precisavam de mim e eu não podia ficar ali parado, deixando que o medo assumisse o controle do meu corpo e mente. Eu precisava encontrar uma maneira de trazê-lás de volta, mesmo que para isso eu precisasse descer até o inferno!

Gêmeos em AçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora