Capítulo 47 - Tarzan do século XX / Parte I

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Uma semana e três dias

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Uma semana e três dias. Dez dias. Mais de trezentos e quarenta e cinco mil segundos. Esse foi o tempo que fiquei naquela floresta, sobrevivendo de frutas e plantas, fervendo água do rio para beber e me abrigando em diferentes cabanas feita de recursos naturais. Não foi uma experiência ruim, gosto de ficar conectada à natureza, mas foi ruim ter que suportar as dores que senti nos primeiros dias, naquela floresta, dores no meu ventre que foram acompanhadas de sangramento. Foi estranho, não parecia ter sido apenas uma cólica, mas deve ter sido porque meu ciclo estava atrasado há quase um mês. No final, acabei esquecendo daquele imprevisto indesejável, precisava me mantar focada em sobreviver.

Foram dias difíceis, meu corpo doía e uma leve febre começava a aparecer no quinto dia. O percurso foi longo, exaustivo, mas também foi prazeroso. Vi e passei por coisas que é impossível de se viver na cidade urbana, vi uma quantidade enorme de flores, plantas, árvores e espécies de animais e insetos fantásticos! Tive o prazer de acordar com o sol dando seu bom dia no final do horizonte, apreciei o pôr do sol de ângulos espetaculares e dormi de baixo de céus estrelados e luas sorridentes. Agradeço aos cosmos por ter tido o privilégio de viver momentos inesquecíveis naquela floresta. Mas eles haviam acabado, agora aqueles dias ficariam guardados na minha memória, pois havia chegado à vida urbana. Quando encontrei placas indicando o caminho de uma trilha segui por ela, depois de uma hora mais ou menos, estava em uma estrada. Neste momento desabei no chão e comecei a chorar tudo o que eu não havia chorado naqueles dez dias.

Estava aliviada, porque sabia que agora era só uma questão de tempo para eu estar nos braços de Léon. Recuperei a compostura quando ouvi o som de pneus em contato com o pavimento. Recuei alguns passos para trás e observei o carro cinza se aproximar. Parecia ter sido comprada por alguns milhares de dólares. Em algum ponto do percurso ele desacelerou, veio lentamente e parou em minha frente. O vidro abaixou revelando um homem de cabelos longos e esvoaçantes, seu rosto era delicado e seus olhos me olhavam com curiosidade. Ele parecia muito com o Tarzan. Mas um Tarzan do século vinte, com camisa branca de mangas largas e cabelo selvagem.

–Você está bem? Parece perdida – disse ele se mostrando prestativo. Pisquei algumas vezes, estava tentando decifrar suas intenções, mas ele não dava sinais de perigo. Na verdade, ele não dava sinais de nada.

–Qual o seu nome? – perguntei e ele me olhou confuso.

–Pablo Schumann – respondeu ele e vasculhei em minha mente para ver se eu já escutara esse nome antes. Parecia-me familiar, eu só não conseguia lembrar. – E você, como se chama?

–Emilly – respondi o analisando. Era difícil interpretar as intenções de alguém quando a pessoa não esboçava nenhuma reação.

–O que faz por aqui sozinha? – perguntou ele e olhou para a floresta atrás de mim. Sua face demonstrava uma ligeira curiosidade.

Gêmeos em AçãoWhere stories live. Discover now