Capítulo 41 - Marcha Fúnebre

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Estrelas, pontos distantes de luz, embaçados pelas lágrimas, ofuscadas pela dor, consolo para a morte

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Estrelas, pontos distantes de luz, embaçados pelas lágrimas, ofuscadas pela dor, consolo para a morte... Morte. Será que chegou minha vez? Será que estou pronta para morrer? Agora? Neste instante? Em meio a essa mata? Cercada por todas essas árvores? Com todos esses sons distintos e semelhantes ao mesmo tempo? Nunca pensei em como iria morrer, ou como gostaria de morrer, causas naturais seria com certeza a primeira opção, mas assassinada em uma floresta seria uma das últimas na minha lista. Não sei se estou pronta para partir, mas se essa for minha hora, pelo menos terei a natureza como túmulo.

Mas vocês deve estar confuso com o que está acontecendo, não é mesmo? Então vou explicar desde o início, desde a última vez que vi Lauren. E talvez você não se lembre mas a última vez que a vi foi quando a deixei sozinha com aquele anjo possuído pelo demônio. Me odeio por ter deixado-a sozinha, mas o que eu poderia fazer? Ter ficado e provocado nossas mortes? Mas se me serve de consolo tenho certeza que nada de ruim aconteceu à ela, desde o primeiro momento que vi aquele mafioso olhar para Lauren fiquei convicta de que havia algum sentimento... Algum sentimento bom, vamos deixar claro.

Desde então não vi mais Lauren. Não sei quanto tempo já se passou, quantas horas ou dias. Já perdi completamente o calendário mental que tinha, só tenho dormido e acordado praticamente. Minhas refeições se tornaram pão, maçã e um suco águado, duas vezes por dia, ou uma já que eu não sei mais quanto tempo estou aqui! Por sorte, por misericórdia ou somente por não quererem aguentar mal cheiro eles me deixam ir ao banheiro e fazer minha higiene regularmente, aproveito esses momentos para lavar o rosto e desembaraçar os cabelos com os dedos. Meu banho se tornou uma toalha molhada que uso para tirar um pouco da sujeira impregnada em minha pele, e para não ficar suja na região íntima sempre coloco papel higiênico em minha calcinha como se fosse um absorvente. É, as coisas não estão sendo fáceis, estão sendo bem humilhantes na verdade.

Toda vez que saio da cela e subo para ir ao banheiro sou obrigada a ouvir xingamentos e insultos, mas como se isso não bastasse eles ainda cospem e tentam acertar restos de comida em mim. E tudo isso por não ter me casado com o mafioso mirim. Quando duas máfias não possuem uma aliança entre elas, não necessariamente quer dizer que elas sejam inimigas, mas a partir do momento que uma aliança é quebrada... Bom, aí sim as coisas ficam feias.

Mas agora indo aos acontecimentos que realmente interessam... Estava na minha cela, pensando em como León deveria estar, se ele estava bem, quando a porta se abriu com um ranger. A luz não banhou o cativeiro, lá fora se encontrava escuro também, não consegui ver quem era e então uma lanterna foi acesa bem na direção do meu rosto, apertei os olhos e me encolhi na parede. Ouvi passos se aproximar e a porta da cela abrir muito devagar e então senti uma mão gélida me agarrar. Contive o grito. Fui puxada para fora, tropeçando nos meus próprios pés. Subimos as escadas, tudo estava escuro e o andar estava vazio. Já devia ser muito tarde, todos já deviam estar dormindo. Meu coração derreteu feito marshmallow quente quando atravessamos as grandes portas de entrada, me deparei com uma vasta escuridão e um céu tão próximo. Estávamos em cima de uma montanha, mas não pude reparar em muita coisa pois logo fui arrastada por um caminho íngreme. Tropecei inúmeras vezes, estava muito escuro, havia muitas pedras e para piorar a pessoa que me puxava montanha abaixo descia tão rápido que os meus pés mal tocavam o solo. Até que, em um dos meus tropeços, "finalmente" caí e rolei pelas pedras. O grito de medo e susto foi inevitável. Meu corpo se chocava contra as pedras tão brutalmente que achei que fosse me fundir com elas. Só parei de rolar quando minhas costas bateu em uma algo grande, duro e tortuoso. Soltei um grito alto de dor. Havia batido em uma pedra enorme. Meus olhos já cheios de lágrimas se apertaram em uma tentativa falha de fugir da dor. Fui puxada novamente sem nenhum tipo de cuidado, minhas pernas estavam tão fracas que não conseguiam me sustentar e então caí e mesmo assim fui arrastada. Já podia sentir pontos da minha calça se rasgando e junto com ela minha pele. Não sei quanto tempo tempo durou a descida, mas quando acabou respirei aliviada, tinha certeza que algumas partes de minhas pernas estavam em carne viva. Continuei sendo arrastada mata adentro por alguns minutos até que fui jogada feito um saco de batatas no chão. Não fiz nenhum esforço para me levantar, ou até mesmo sentar, fiquei ali, fitando o céu pontilhado de estrelas, esperando minha morte chegar.

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