Os pássaros são tão azuis quanto o próprio céu. São completamente iguais. Não pela semelhança estética porque até eu sei o quão divergente essas duas coisas são. Mas a similaridade está na liberdade que ambos possuem. A liberdade do pássaro está em cada pena de suas preciosas asas enquanto a liberdade do céu se espalha infinitamente sobre ele mesmo. Mas ainda há um contraste entre eles que talvez seja bem maior que a própria estética. Enquanto o céu se espalha pelo infinito sem a possibilidade de ser preso em um copo, um inocente pássaro é preso em uma medíocre gaiola. E assim um pássaro se distância do céu.
Às vezes, ou quase sempre, minha mente vagueia por esses pensamentos confusos, tentando achar semelhança entre coisas inimagináveis. Eu tenho uma maneira particular de ver o mundo e todas as coisas que o cercam e que lhe pertecem. Eu tenho uma maneira particular de lidar com as coisas, pessoas e com os problemas. Mas há uma coisa que me faz semelhante às demais pessoas e que eu ainda não descobri uma maneira particular de lidar. Eu nunca fui boa em lidar com as perdas. E agora não é diferente.
Uma parte de mim que ainda estava começando a crescer foi tristemente arrancada. Fui privada de dar um amor único e especial. Um amor que zela e protege, um amor que cuida e ensina. Mas é ainda mais triste pensar que um ser foi privado de sua vida e de um mundo que poderia ser seu também.
Pensar no culpado de toda causa do meu sofrimento e das pessoas que eu amo me faz sentir tanto ódio. E por mais compreensível que seja eu me sentir assim, esse é um sentimento que não gosto de cultivar. Sempre tive desprezo pelo ódio, nunca permiti alimentar esse tipo de emoção dentro de mim, até mesmo por Hector. Todas as vezes que ele me causou dor, sempre busquei uma maneira para não odiá-lo. Não o amava, mas também não o odiava. Mas agora... Pela primeira vez em dezessete anos, me permiti odiá-lo. Mas odiá-lo de verdade e não somente por um momento.
Eu sempre tento enxergar coisas boas em meio ao caos, mas essa é a primeira vez que não consigo ver nada além da dor. Bom, tem sim uma coisa boa no meio desse sofrimento todo... Leon. Ele tem sido tão companheiro, amável, gentil... Tenho uma infinita dívida com os cosmos por ter Leon como marido. Ele é simplesmente e completamente incrível.
–Emy? – ouvi Leon me chamar. Tirei meus olhos do lindo céu para virar o rosto para o lado. – O que está fazendo?
Sua voz estava cheia de medo e preocupação, mas também não era para menos, eu estava sentada na sacada do quarto com as pernas suspensas no ar. Abri um pequeno sorriso.
–Só estou admirando o céu – respondi e o ouvi se aproximar lentamente. – Não se preocupe, eu não vou pular – disse e o ouvi parar.
Voltei meu corpo para dentro da sacada e desci do muro.
–Nunca mais vamos ficar em um hotel com sacada – disse Leon se aproximando. Seus braços cercaram meu corpo.
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Gêmeos em Ação
Teen FictionLeon e Lauren são totalmente o oposto um do outro, enquanto ele é calmo, intelectual, minucioso e simples, ela é agitada, vaidosa, espontânea e mimada. Apesar da diferença gritante entre eles, os dois continuam gêmeos e melhores amigos. Lauren sempr...