Capítulo 20

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Abri a porta do meu quarto com cuidado e Jaime estava lá, como todas as noites.
Eu sorri para ele e ele me beijou, fechando a porta atrás dele.
Correspondi o beijo enquanto ele me levava para a cama.
Eu e Jaime sempre temos esses encontros a noite. Afinal, não podemos nem nos tocar perto da minha família, já que eu ainda não tomei coragem para dizer à eles que Jaime é bem mais, muito mais que um colega de trabalho. Mas Jaime não se irrita com isso. Tudo no seu tempo, querido, ele diz. Sempre diz. Mas eu sinto falta de nós, então demos um jeitinho nisso, porque parecia uma tortura ficar longe dos lábios dele.

— Oi.

Jaime sorriu para mim e me deu um outro beijo mais rápido.

— Oi, querido — ele me respondeu. — Vamos patinar amanhã com a sua irmã, não é?

— Sim — eu beijei seu queixo. — Agora, aonde estávamos?

Ele sorriu para mim e voltou a me beijar.
Agarrei o coberto, sem me afastar dele e pensei em cobrir nossos corpos, se não iríamos congelar, afinal, a neve em Nova York já tinha chegado com tudo para o natal.

— Adam?

Eu larguei a ponta do coberto e larguei Jaime, me virando para porta, vendo minha irmã mais nova parada ali com a mão na maçaneta.
As bochechas dela ficaram vermelhas e ela saiu correndo, deixando a porta aberta.
Rapidamente, eu me levantei da cama, mas eu não corri atrás dela. Em vez disso, olhei para Jaime em desespero.

— Deus! — eu cobri minha boca, como se eu fosse uma criança que tinha acabado de soltar um palavrão da frente dos pais. — Ela viu a gente! Ela viu...

— Calma.

Jaime tentou me abraçar mas eu me afastei.

— Calma?!

— Querido, não precisa surtar. Ela só é uma criança entrando na fase da adolescência. Se você conversa com ela, não há nada que ela não vá entender.

— Você acha?

Ele olhou para porta, indicando para eu ir logo.

— Eu vou estar te esperando.

Jaime se cobriu com as cobertas e virou de costas.
Eu odeio isso nele, a forma como ele sempre parece relaxado em momentos como esse. Eu odeio.
Suspirei fundo e sai pela porta.
A luz do quarto da minha irmã estava acessa. Eu entrei lá dentro e lá estava ela. Sentada na cama, com as bochechas vermelhas e olhando para o nada.

— Licença? — eu notei o nervosismo na minha própria voz e tentei de novo: — Licença?

Ela olhou para mim e abaixou a cabeça.

— Desculpa, irmão! Desculpa!

Fechei a porta do quarto e me sentei na cama com Olivia.

— Não precisa se desculpar.

Ela levantou a cabeça e me encarou.

— Vocês são namorados? — eu balancei a cabeça. — Mas vocês não são dois homens?

Eu sorri e coloquei uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.

— Sim, somos.

— Eu não sabia que dois homens podiam ficar juntos — os olhinhos dela brilharam. — Você ama ele, irmão?

— Demais.

— Ele te ama também? — eu balancei a cabeça, mais uma vez. — Legal.

— Presta atenção, o irmão gosta de homens e mulheres da mesma forma.

— Mulheres também podem namorar outras mulheres?

— Sim.

— Se você gosta de homens então eu vou gostar de mulheres?

— O que? Não! — eu ri. — Você pode gostar de mulheres, mas só se você quiser.

— Ah, faz sentindo — ela fez uma cara de nojo. — Eu acho que não consigo me imaginar com outra menina.

— Você ainda é muito nova para pensar nessas coisas — ela sorriu. — Tudo bem para você se o irmão ama outro homem?

Ela deu de ombros.

— É a mesma coisa se fosse uma mulher no lugar de Jaime, não é?

— É, amor é amor, mas promete que não vai contar pro papai e pra mamãe?

— Por quê? Eles não gostam?

— Não, não é isso, é que eles ainda não sabem que somos mais que amigos.

— Mamãe diz que é feio mentir.

— Não é mentir, é só um segredo que eu vou contar pra eles mais tarde.

— Quando?

— Antes de eu voltar para a Califórnia.

— Promete?

— Só se você prometer não falar nada.

— Prometo.

Eu abri os braços e ela veio me abraçar.

— Agora vá dormir, isso não é hora de criança estar acordada.

— Eu não sou criança — ela disse, se deitando. — Mamãe disse que eu já sou uma mocinha!

— Claro.

Eu dei um beijo na sua testa e cobri ela com o coberto.

— Boa noite, irmão.

— Boa noite.

Apaguei as luzes e fechei a porta.
Jaime se manteve calmo porque ele sabia, no final das contas.
Dei um pequeno sorriso e andei o mais rápido possível de volta para o quarto, desesperado para ver o homem que eu tanto amo.

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