Capítulo 2

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— Pode entrar. — eu disse, depois de ter escutado duas batidas na porta.
Mary entrou na sala, fechando a porta atrás de si. Ela pegou uma cadeira dos alunos e se sentou frente a frente comigo.

— Você é um péssimo mentiroso, professor Adam.

— Eu sei. — resmunguei, tomando um gole do meu café.

— Você e o professor Jaime parecem próximos.

— Fala sério, eu o conheci hoje, assim como você.

— Bem, mas ele te trata como se já fossem conhecidos a anos.

— Tudo bem, Mary, o que você quer de mim?

Ela sorriu.

— Quero que me ajude a conquistar o Jaime.

— Mary, você é casada.

— Já disse que será apenas uma diversão de uma noite, não terei nada sério com ele.

— Isso não me importa, não irie ajudar.

— Adam, por favor!

— Se insistir eu juro que contarei para seu marido todas as suas "diversões de apenas uma noite".

Ela fechou a cara.

— Está me ameaçando?

— Talvez.

Mary se levantou e colocou a cadeira de volta no lugar. Bufando, ela saiu da sala.
Me aconcheguei em minha cadeira e terminei de beber meu café, em paz.
O sinal tocou e de repente, a sala foi se enchendo com os alunos do 2º ano do ensino médio.
Quando vi que todos estavam ali, me levantei e comecei a minha aula.

O sinal tocou.

— Por hoje é só — eu disse e automaticamente todos começaram a guarda os matérias. — Até amanhã, alunos.

Apaguei minhas anotações no quadro e também comecei a guarda minhas coisas para ir embora. Quando sai da sala não tinha mais ninguém. Apaguei a luz e fechei a porta.

— Olá, professor Adam.

Me virei para frente e vi o professor Jaime.

— Olá.

Ele sorriu.

— Você já vai embora?

— Sim, dou aula apenas no período da manhã.

— Eu também — ele disse. — É muito melhor, no meu antigo emprego ficava o dia inteiro, dando aula para a turma da manhã e da tarde.

— Não parece ser muito bom.

— Não é mesmo, estou muito feliz por trabalhar aqui agora — ele se aproximou um pouco mais de mim e dei alguns passos para trás até encostar na parede. — Por isso e por outros motivos.

Ele me olhou de cima abaixo com um sorriso, como tinha feito antes na primeira vez que me viu.
Senti minhas bochechas arderem mais uma vez.

— E-e-eu vou indo — me afastei dele. — Até amanhã, professor.

— Até amanhã.

Ele piscou para mim, o que me faz sair correndo de lá.
O que diabos foi isso?

Entrei na sala e respirei fundo. Estou cansado por vir até aqui correndo.

— Ele chegou, pessoal!

Ergui o olhar e vi que Jaime está sentado em minha cadeira.

— Professor Jaime?

Ele se levantou e veio até mim.

— Eu iria ser o professor substituído, mas você chegou a tempo.

— Ah, obrigado, eu acho.

— De nada — de repente, ele colocou uma rosa em minha frente. — Um aluno, ou quem sabe um professor mesmo, deixou isso na sua mesa.

Escutei algumas risadinhas dos alunos mas ignorei, e então peguei a flor.

— Obrigado.

— Ah, não me agradeça. Agradeça quando descobrir quem deixou ela em cima da sua mesa — ele sorriu para mim e logo abriu a porta da sala. — Tenha um bom dia. Tchau, turma!

Todos responderam um tchau para ele.
Respirei fundo mais uma vez e coloquei minhas coisas sobre a mesa e deixei a rosa ali no meio delas.

— Bom dia, pessoal. Me desculpem pelo atraso.

— Tudo bem, o professor Jaime é legal. — Harry falou, com um sorriso.

— Ele é?

— Muito, apesar de ser gay.

— Gay?

— Pois é, ele é gay! — alguma voz no fundo que eu não reconheci gritou. — É engraçado, ele fica todo tipo "Não é porque eu sou gay que vou pegar mole com vocês!"

Todos riram da péssima imitação.

— E ele realmente pega pesado! — Anne, uma das garotas, reclamou. — Meu velho truque de fingir estar com a perna doendo não funciona mais, professor Adam, tenho que participar dos esportes e é tão chato!

Dei uma pequena risada, mas duvido muito que Jaime seja gay, provavelmente eles estão brincando.

— Melhor mesmo foi ele falando do professor Adam no primeiro dia — a voz do fundo falou de novo e reconheci que era Eddie, outro aluno que dou aula a anos. — "Aquele professor de história de vocês é gostoso, não é?"

Mais uma vez, todos começaram a rir da imitação, enquanto eu apenas me senti envergonhado.

— Caralho, o professor tá vermelho!

— Eu não estou! — resmunguei. — Parem já com esses boatos! Sabiam que é feio ficar falando mal dos outros pelas costas?

— Não são boatos — Harry reclamou. — Ele realmente é gay.

— Sabe, por que vocês não abrem o caderno para eu ver a lição de casa?

Todos resmungaram mas abriram o caderno.
Me senti um pouco aliviado por ter conseguido o foco em minha aula novamente.

— Harry, estou vendo você tentando fazer a lição de casa agora.

— Merda.

— Merda digo eu, como você pode já começar o ano assim? — ele revira os olhos mas não me importo. — Vou deixar passar dessa vez.

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