Capítulo 5

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— Então você e o suposto rapaz vieram juntos? — Brianna perguntou, enquanto eu dava a última garfada em meu prato, deixando o vazio.

— Suposto rapaz?

— É, acredito que Jaime que tenha te dado a flor — ela disse. — Afinal, Adam, você é gay?

Desviei o olhar dela, para olhar para Jaime.

— Eu não sei.

— Jaime! — Mary, de repente, o chamou.

— Olá, Mary. — ele disse, sorrindo para ela.
Senti meu estômago embrulhar. Eu já sei o que vem pela frente.

— Você poderia me acompanhar até lá fora?

Antes que ele pudesse responder, segurei sua mão com as minhas duas mãos, segurei forte. Não quero que ele vá com ela.

— Jaime!

— Sim? — perguntou, se virando para mim.

— É melhor a gente ir para casa.

— Eu apenas vou acompanhá-la. Não se preocupe, não vou demorar.

Ele afastou sua mão da minha e se levantou, saindo do restaurante com Mary.
Senti meu coração aperta.
Que ótimo, estou com ciúmes, ciúmes do Jaime. Isso é tão idiota.
Me levantei do meu lugar, sabendo que ele não voltaria. Eu sei o que vai acontecer, é o que sempre acontece. Mary vai ser sincera com ele, então os dois vão partir daqui para um hotel e vão se divertir a noite toda, enquanto eu ficarei aqui, querendo que as brincadeiras dos meus alunos, sobre eu e Jaime formamos um casal, fossem reais.

— Eu vou indo, pessoal.

— E o Jaime? — Justin, o professor de matemática, perguntou.

— O que tem ele?

— Vocês não vieram juntos?

— Não significa que vamos embora juntos.

Ah...

Dei um abraço e um beijo na bochecha em cada professor ali, como despedida, e agradeci pelo jantar.
Saindo do restaurante, tirei meu celular do bolso para poder pedir um uber.

— Cancela isso!

Meu celular foi arrancado de minhas mãos.
Um pouco assustado, olhei para trás, me deparando com Jaime, que tinha acabado de cancelar minha viagem com o uber.

— Você vai embora comigo!

— Cadê a Mary? — pergunto, ainda um pouco surpreso de o ver aqui.

— Ela foi embora.

— Embora? — levantei uma sobrancelha, confuso. — Isso significa que vocês não...

— Você sabia? — ele me interrompeu. — Sabia que ela queria se divertir uma noite comigo mesmo tendo um marido?

Abaixei a cabeça, envergonhando.

— Sabia.

— Por que não me disse?

— Eu pensei que você aceitaria.

— É sério, Adam? Você acha que eu sou um babaca que pega pessoas casadas?

— É que todo mundo sempre aceita! — exclamei, percebendo que estou entrando em desespero.

— Eu não sou todo mundo! Você acha que eu sou todo mundo?

Senti vontade de chorar.

— Não, me desculpe!

— Desculpe? Por que está se desculpando?

— Eu não sei.

— Adam, relaxe, isso não é culpa sua.

Ele colocou a mão sobre meu ombro direito, me fazendo relaxar um pouco.

— Você achou mesmo que nós iríamos transar? — apenas balancei a cabeça em resposta e ele começou a rir. — Que nojo! Acho que vou vomitar se eu me imaginar fazendo sexo com a Mary!

Também comecei a rir.

— Ela não é tão feia assim.

— Não, ela é uma bela moça, só que eu sou gay.

Congelei, meu corpo congelou, as coisas em minha voltando congelaram, como se o tempo tivesse parado por um tempo. Apenas consigo ouvir e sentir as batidas do meu coração, e a minha respiração que está pesada.
Então meus alunos não mentiram? Todas às vezes que eu achei que eles estavam apenas brincando eram na verdade coisas reais? Jaime é realmente gay e fica falando de mim pros alunos em suas aulas? Isso tudo é muito mais que uma brincadeira dos alunos? É realmente real?
Começo a pensar em Eddie, um dos meus alunos, na vez que ele imitou a voz de Jaime, falando as coisas que ele diz sobre mim em suas aulas de educação física.

— Adam, está tudo bem? — Jaime perguntou, me tirando dos meus pensamentos. — É problema para você que eu seja gay?

— Não! Nunca! — exclamei, rápido. — Eu só estou surpreso.

— O que? Eu não tenho cara de gay?

— Não, não mesmo.

Ele começou a rir e me puxou pela mão.

— Vem, vamos embora.

Abri um pequeno sorriso, enquanto caminhávamos de mãos dadas até seu carro.

Jaime estacionou em frente à minha casa.

— Tchau. — eu disse, dando um beijo em sua bochecha, como fiz com os outros professores.

— Tchau, professor Adam, até amanhã.

— Até.

Sai do carro e ele foi embora.
Suspirei, um pouco feliz, por saber que voltei para casa do mesmo jeito que vim, que Jaime e Mary não estão em um hotel agora fazendo amor, porque Jaime é gay.
Preciso acreditar mais nos meus alunos.
Abro o portão e entro em casa.

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