Capítulo 18

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Emma tomou a frente do palco, com seu vestido curto e azul que combinava com seus cabelos e pegou o microfone.

— Meu nome é Emma e estou aqui representando a sala do terceiro ano — ela olhou para mim e eu ajeitei a gravata do meu terno, tentando me manter calmo. — E eu gostaria de chamar nosso professor de história, Adam, para dar o seu discurso.

O diretor da escola pegou o microfone de Emma e ela voltou para junto dos outros alunos.

— Adam, venha até aqui!

Todos na plateia começaram a aplaudir, o que só me deixou mais nervoso.

— Relaxa — senti uma mão sobre a minha. — Você vai mandar bem.

— Obrigado, Jaime.

Ele me deu um selinho rápido, o que me relaxou. Então, me coloquei de pé e subi no palco.
O diretor me passou o microfone e os aplausos cessaram.

— Boa noite à todos.

— Boa noite. — a plateia me respondeu.

— Eu não sei como devo começar, é a minha primeira vez fazendo isso — admiti. — Eu ainda não sei como eles me escolheram, porque eu sempre acreditei ser um professor irritante.

As risadas soaram na plateia, o que me deu mais confiança, então continuei:

— Eu estou com eles desde o primeiro ano do ensino médio e foi sempre um prazer dar aula para eles, mas esse ano, foi mais especial — eu disse. — Esse ano, meus alunos me ensinaram algo. Nada a ver com história, mas me ensinaram.

Todos riram e eu olhei para Emma e Anne, que estavam de mãos dadas e cada uma com um vestido lindo.
Também olhei para outros alunos, como Charlie que me deu bastante trabalho desde do primeiro ano.

— Eles me ensinaram a amar e que o amor têm várias formas. Me mostraram que eu jamais deveria ter medo de amar. E hoje eu estou muito bem resolvido com o amor.

Todos bateram palmas e dessa vez eu olhei para Jaime, que sorria radiante.

— Eu tinha medo de amar, amigos, porque eu amo uma pessoa do mesmo sexo que eu e os meus alunos me ensinaram que tudo bem.

Mais aplausos soaram e alguns gritos também.

— Então, eu devo agradecer a essa sala, mil vezes todos os dias. Eu não sei o que séria de mim sem eles, não faço ideia. Então, obrigado, alunos.

Mais aplausos, enquanto eu devolvi o o microfone para o diretor, meu chefe, e desci as escadas do palco. Nisso, vários alunos vieram me abraçar, e eu correspondi cada um deles.

— Você foi ótimo, amor.

Me virei de costas e vi Jaime, que me puxou pela cintura e me deu um beijo rápido.
Os alunos voltaram para seus lugares, para poder escutar o que o diretor iria dizer. Eu e Jaime fizemos o mesmo.


— Não beba tanto — afastei o copo de vinho da boca de Jaime. — Estamos em uma festa de formatura, com alunos do terceiro ano e não vai ser muito legal se você ficar bêbado.

— Então ocupe minha boca com outra coisa, professor Adam.

Dei um pequeno sorriso.

— Eu vou ocupar, não se preocupe.

Me aproximei para beija-ló, porém parei, assim que escutei um grito:

— Isso é um absurdo!

Eu e Jaime víramos a cabeça e vimos um homem alto e loiro, puxando alguém pelo braço. Quando ele se aproximou, consegui ver que era Charlie. Provavelmente o homem é seu pai.

— Boa noite, moço — acenei para ele. — Oi, Charlie, esse é seu pai?

Ele abriu a boca para responder, porém o homem loiro foi mais rápido:

— É um absurdo meu filho ter tido aula com professores gays! — encolhi meus ombros. Essa era a última coisa que eu esperava. — Sorte de vocês que eu só fiquei sabendo agora, caso contrário vocês estariam sem emprego!

— Senhor, por favor, se acalme. — Jaime pediu, ele parecia um pouco mais relaxado, ou talvez acostumado com esse tipo de coisa.

— Me acalmar?! — ele gritou mais alto, o que fez meus ouvidos doerem. — Como eu posso me acalmar?!

— Se acalmando. — Jaime brincou, enquanto dava um gole em sua bebida.

— Olhe aqui, suas bichas! Eu...

— Deixa eles em paz, pai! — Charlie interrompeu, com um grito, o que fez todos a nossa volta pararem para olhar o que estava acontecendo. — Eles são os melhores professores que eu já tive, se você quer saber. E eles continuariam sendo se fossem héteros ou não.

— Filho, você não é gay, né?

— Não, não sou, mas se eu fosse, e daí? — seu pai fechou a cara. — Agora pare de implicar com eles, porque a vida dos meus professores não é da sua conta!

Ele saiu, com passos firmes e o pai logo foi atrás dele preocupado.
Senti um mão em cima da minha.

— Você está bem? Sei que é a sua primeira vez com algo do tipo.

— Estou bem, mas agora estou preocupado com Charlie.

— Ele vai ficar bem, é corajoso.

— Com certeza.

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