Capítulo 17

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Tirei a caixa do porta malas do carro, e Jaime fez o mesmo, porém pegou outra caixa, uma maior e que parece ser mais pesada.
Entramos dentro do nosso novo apartamento. Pegamos o elevador para subir até o quinto andar e entramos no quarto 409, que Jaime já tinha deixado com a porta aberta, para facilitar as coisas para nós.
Coloquei a caixa em cima de outra.

— Só falta uma caixa, eu vou busca-lá. — Jaime anunciou e saiu pela porta.
Tirei meu calçado e deitei no sofá, que era confortável.
Não demorou muito para eu escutar os passos pesados de Jaime outra vez e, quando esses passos ficaram mais perto, ergui o olhar. Ele se sentou no chão, com as pernas cruzadas e segurou minha mão direita, beijando cada um dos 5 dedos.

— Jaime.

Ele parou o que estava fazendo.

— Sim?

— Nós estamos namorando, afinal?

Ele beijou o último dedo, antes de me responder:

— Você está fazendo de novo.

— Como assim?

— Me fazendo sentir como um adolescente.

— O amor é clichê, o que eu vou fazer? Foi você quem me disse isso uma vez.

— Eu sei. — encolhi minhas pernas, dando lugar para Jaime sentar e ele se sentou. Depois, pegou minhas pernas e colocou em cima do seu colo.

— Então, estamos namorando ou não?

— Por que a pergunta?

— Eu não sei, é que não teve nenhum pedido direto, até agora.

— E você quer namorar comigo?

Escondi meu rosto, envergonhando.

— É óbvio que sim.

Escutei sua risada, antes dele tirar minhas mãos do meu rosto, que provavelmente estão vermelhas.

— Não tenha vergonha, namorado.

— Jaime, precisamos colocar as coisas no lugar agora.

— Por favor, não. Estou tão cansado! Não podemos deixar isso para amanhã?

— Tudo bem, eu também estou cansado, de qualquer forma.

— Eu vou tomar um banho e depois vamos experimentar nossa nova cama.

— Ela parece confortável.

Retirei minhas pernas de cima do seu colo, para ele se levantar e ir tomar seu banho.

— Sabe, Adam, está tudo bem com você?

Dei um sorriso amarelo.
Jaime me conhece tão bem.

— Estou tentando pensar em como vou contar pra minha família que eu sou bissexual e que estou namorando com outro homem — ele voltou a se sentar no sofá. — Eu não consigo imaginar qual vai ser a reação deles, não consigo fazer ideia e isso me assusta.

— Entendo.

— Você é um gay assumido, certo?

— Certo — respondeu. — Eu me descobri aos 12 anos, mas só assumi aos 18, porque caso meus pais não me aceitassem eu poderia cair fora e me virar, afinal, eu já tinha 18.

— E os seus pais? Como reagiram?

— Bem, muito bem.

— Que bom.

— Você visita seus pais e sua irmã todo natal, não é?

— Sim, eu iria convidar você para ir junto comigo, afinal, o natal não está longe.

E não está mesmo, na escola, já estamos nas semanas de provas, as últimas provas. Logo vai ter a formatura do 3º ano do ensino médio, para aqueles que passarem de ano. Vou sentir tanta falta deles, meus alunos que estarão indo para a faculdade.

— Eu vou com você, vai ser o momento perfeito para você se assumir.

— Com certeza.

Ele chegou mais perto, acariciando meu cabelo.

— Se algo der errado, eu estarei lá — beijou minha testa. — Agora, eu vou tomar banho.


— Professor Adam! Espere!

Olhei de relance para trás, vendo minhas duas alunas correndo até mim. Emma e Anne.

— Olá, meninas, o que houve?

— Queremos agradecer. — Emma disse, tímida, com as bochechas coradas.

— Pelo que? — as duas estraçalharam as mãos em minha frente e então entendi. — Se é assim, acho que eu também devo agradecer à você, Emma.

— Por quê?

— Você sabe que eu e o professor Jaime estamos namorando, isso não é mais novidade para ninguém, porém isso é graças a você.

Emma sorriu para mim e eu devolvi o sorriso.

— Também tem outra coisa — Anne disse. — Viemos falar em nome do terceiro ano do ensino médio.

— Como assim?

— Queremos que você faça o discurso na nossa formatura — arregalei os olhos, surpreso. Jamais uma turma havia me pedido isso. — Todos concordam que você é o melhor professor que já pudemos ter.

— Podem contar comigo, meninas, eu estarei lá.

Elas comemoraram.

— Bem, agora se me dão licença, vou aproveitar meu intervalo.

— Ok, tchau professor.

— Tchau, meninas.

As duas saíram de mãos dadas, conversando sobre algo, o que me fez pensar em Jaime.
Voltei a minha caminhada até a sala dos professores, torcendo para encontrar ele por lá. E para minha sorte, ele estava lá quando eu abri a porta. Apenas ele e mais ninguém.

— Oi.

Jaime ergue o olhar.

— Oi, amor.

Fechei a porta da sala e em seguida me aproximei para beija-ló, e o beijei.

— Eu te amo, Jaime.

— Do nada?

— Muito, eu te amo muito.

Ele sorriu e me beijou outra vez.

— Você sabe que eu também te amo. Muito.

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