- Hora de Uma Nova História -

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Sem mais demora, Borbon agarrou a cabeça do homem e com uma força descomunal a cravou contra o punho da espada presa na mesa. O olho esquerdo de Murmo foi perfurado e o sangue escorreu pelo rosto gordo que contorcia-se pela dor. Os berros do homem eram terríveis de tal forma que todos espantaram-se pela violência que presenciavam.

Murmo tentava se afastar para tirar sua cabeça do punho da espada mas o cavaleiro o pressionava com tamanha força que veias apareciam em suas mãos. Quando o homem começou a clamar horrivelmente por desculpas, Borbon o soltou e ele tropeçou caindo para trás. Seu rosto exibia agora um buraco profundo e tudo estava ensanguentado.

Os dois colegas que seguravam Laurelia e Talion amoleceram seus braços e soltaram os dois. Ambos estremeceram quando viram a feição enfurecida de Borbon que limpava o cuspe de seu rosto. Sem hesitar, os dois se afastaram caminhando para trás e bateram em retirada quando chegaram à porta.

Talion caiu de joelhos e levou sua mão ao estômago. Evitava emitir qualquer som de dor mas sua face não omitia o que sentia. Laurelia, por sua vez, abaixou-se ainda chorando e colocou cuidadosamente a cabeça esanguentada de Adilan em seu colo. O rapaz estava desacordado e sua testa exibia a carne em um ferimento aberto. A mulher soltou um grito em seu choro. Seu lamento teria se prolongado pelo silêncio se não fosse por Gordel que acabara de surgir no balcão.

— Mas o que é isso tudo?! O que aconteceu na minha taverna?!!!

Todos permaneceram em silêncio. Vendo que o espetáculo havia enfim terminado, os clientes retornaram para seus lugares e voltaram a beber em seus copos.

— Boa noite, senhor — cumprimentou Adamor aproximando-se do balcão. — Houve uma briga mas eu lhe garanto que não causamos danos em sua propriedade. Não há motivo para...

— Vocês são os responsáveis por isso?! Você e seus amigos de roupa preta?! Vocês são o que? Bandidos? Quem é você para agredir o meu cliente?!

Adamor fitou seus olhos por alguns segundos e viu que não conseguiria apaziguar a situação como esperava.

— Eu sou Adamor, líder dos Cavaleiros Irmãos e membro da Ordem dos Cavaleiros.

Apesar de proferir com firmeza, o cavaleiro não viu a expressão do homem mudar para melhor.

— Ahhh... seu desgraçado... — Murmo amaldiçoava tampando com a mão o buraco em seu olho e esforçando-se para se levantar.

— Eu já aturei você demais, Laurelia — Gordel continuou olhando para a mulher sentada no chão. — Cometi um erro dando um trabalho para esse seu filho esquisito, e agora cometi o mesmo erro dando trabalho para esse seu filho burro.

— Vai se ferrar... — Talion tentou profanar apoiando-se na mesa para manter-se de joelhos.

— Aqui, apoie-se em mim. — Roren colocou o braço do rapaz em seu ombro e ajudou-o a ficar de pé. Começou a dar cuidadosos passos para levá-lo para fora daquele lugar.

— Agora já chega. Você — Gordel apontou para Laurelia que estava com os olhos vermelhos de tanto chorar. — Aquele moinho não é mais a sua casa. Você não tem mais casa. Eu não quero que você fique lá. Aquele moinho é meu, e não quero ver mais nenhuma das suas porcarias dentro dele.

— Não... a culpa disso tudo não é minha...

— É sua sim. Se não fosse esses seus filhos imprestáveis essa confusão toda não teria acontecido. Se eu não tivesse te contratado isso não teria acontecido. Desde que você entrou nessa taverna você trouxe desgraça e problemas. Ninguém te quer aqui, Laurelia. Ninguém aqui gosta de você.

A Pretensão dos CavaleirosWhere stories live. Discover now