Capítulo 9 Isolados

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Entrei dentro de casa, minha mãe trazia as roupas do varal e meu pai estava sentado no sofá como se nada tivesse acontecido. Passei reto por ele. E meu pai não disse nada, continuou sentado, olhando fixamente para a televisão. Entrei no meu quarto, larguei a mochila em um canto e me sentei na poltrona. Olhei pela janela e faltava pouco para escurecer. Pensei no começo do pôr do sol que Rebecca e eu presenciamos, e como ele deveria estar ainda mais bonito naquela hora. Peguei meu celular no bolso e os fones de ouvidos do celular, que estavam em cima da minha escrivaninha e fui para a janela, me escorei, coloquei uma música do Coldplay com o volume baixo e fiquei olhando pela janela.

— O sol está quase se pondo por completo. — Escutei a voz de Rebecca em meu quarto.

Tirei os fones e olhei para trás, ela estava sentada na minha poltrona, com um sorriso no rosto. Já usando outra roupa que não era o uniforme da escola, e sim um macaquinho preto — acho que é assim que se chama — , uma camisa xadrez azul na cintura e os seus tênis surrados.

— Sim, falta pouco para escurecer — comentei, olhando novamente para a janela.

— O que você está ouvindo aí? — disse ela, pulando da poltrona, andando até a janela, e pegando meus fones e colocando nos ouvidos. — Hum, eu também gosto dessa música. É Yellow né?

— Sim — respondi.

— O que acha de irmos escutar nossas músicas em outro lugar? Minha família não está em casa. Foram visitar minha vó que está morrendo, eu acho. E por isso ninguém vai sentir minha falta em casa. Podemos aproveitar e sair mais cedo. Tudo bem?

— Sim, mas tenho que voltar para jantar. Minha mãe ficaria desesperada se não me encontrasse — disse eu.

— Pode crê, a gente volta por umas sete da noite e depois a gente sai de novo — disse ela.

— Pode ser... Mas onde vamos desta vez?

— Eu prometi que seria um lugar que não iríamos precisar de dinheiro. E eu já o encontrei, já está tudo pronto, esperado por você — disse animada, se escorando na parede próxima a janela.

— Hum... Onde é? — perguntei desconfiado.

— É uma surpresa, lembra? Você não confia em mim?

— Confio. — Olhei para ela.

— Então me dê as mãos — disse ela, estendendo as mãos na minha frente.

Eu sorri, e peguei em suas mãos. Ela as apertou firmemente.

Tudo ficou azul por meio segundo, e depois vi a luz azul cintilante. Logo estávamos em um lugar completamente diferente do meu quarto.

Olhei para os lados e vi somente árvores de variadas espécies, quase não passava luz entre elas. E o pouco que eu via eram os últimos raios solares. O chão era repleto de folhas secas, mas mesmo assim muito úmido. Estávamos em uma clareira, o que era difícil de encontrar por ali, pois a mata era bem densa. Logo notei que era uma floresta tropical. Mas só confirmei quando vi um bugio em cima de uma árvore. O curioso macaquinho me olhava fixamente e soltava alguns gritos, em seguida desapareceu entre as árvores.

— Estamos na Amazônia, né? — perguntei, olhando para Rebecca, que estava tão fascinada com o bugio, quanto eu.

— Sim — disse animada. — Aqui é meu lugar preferido no nosso pais, aqui é um lugar lindo, livre e que deve ser respeitado. É um dos lugares mais sagrados do mundo. Não somos nada sem a força que esta floresta da para o mundo.

ETERNAWhere stories live. Discover now