Capítulo 1 Janela Aberta

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A hora parecia não passar. O tédio estava dominando a minha existência. Estava em plena aula de história, que finalmente era a última aula do dia, e a professora Olga, uma mulher já de idade, ruiva e baixinha. Andava por todos os corredores de classes, falando alto sobre Napoleão Bonaparte, enquanto olhava para todos os alunos. Somente para ter a certeza que todos prestavam atenção. Muitos não ouviam sequer uma palavra que ela falava. Principalmente as pessoas do outro lado da sala, que não paravam de conversar. Mas eu também não ouvia, mesmo ficando em silêncio, meus pensamentos não ligavam se Napoleão queria dominar o mundo. Meus olhos e pensamentos não desviavam da Alana, uma garota morena, de olhos verdes e cabelos lisos e longos. Que sentava na fileira de mesas ao meu lado. Ela era tão perfeita, e todos os garotos eram apaixonados por ela. Entretanto, Alana era de família religiosa e dispensava todos eles.

— Quando você vai parar de secar a menina com os olhos, e vai tomar coragem de ir falar com ela? — questionou meu amigo Tiago.

Tiago, desde o primeiro dia de aula no primeiro ano, vinha sendo o único amigo que eu fiz na escola. Ele era gordinho, tinha mais medo de tomar um fora das meninas do que eu. Então parei de olhar para a Alana, que por sinal nunca notou que eu a olhava, e virei o rosto para olhar a cara feia dele.

— Eu já falei com ela hoje — murmurei.

— "Com licença Alana." Não me parece ser uma grande conversa — comentou debochado, fazendo aspas com os dedos e olhou para ela atrás de mim.

— Mas foi o que eu consegui — retorqui e abaixei as mãos dele, para que Alana não percebesse que ela era o nosso assunto.

— Cara. Você já está a fim dessa garota desde o primeiro ano, e agora estamos no começo do segundo ano do ensino médio, e você ainda não teve uma conversa de mais de um minuto com ela. Essa é a hora, meu irmão! — disse, encostando suas costas na parede branca da sala de aula.

— O que você quer que eu faça, Tiago? — perguntei sério para ele.

— Sei lá. Toma coragem. Compra um lanche para ela. Faz algo assim! — disse, e em seguida levantou os braços ridiculamente.

Eu revirei os olhos, e claro que eu não iria seguir o conselho dele e ir jogando comida na frente da garota. Ela iria me achar um idiota apaixonado, e as amigas dela acabariam rindo de mim quando eu passasse por elas.

Antes que eu pudesse responder ao Tiago, a professora Olga rumou até a mesa dela que ficava uma a uma classe a frente da minha. Ela abriu uma pasta e começou a folhar seus papéis e logo começou a fazer a chamada.

— Alana Oliveira — disse a professora, fazendo que toda a sala ficasse em silêncio.

— Presente. — Levantou os olhos do caderno e respondeu com sua voz doce.

— Arthur Martins — disse a professora.

— Presente — respondi, tirando os olhos da Alana e olhando para a professora.

Fiquei pensando no que Tiago havia me dito, será que já estava na hora de tomar coragem e ir falar com ela? Será que seria muito arriscado revelar meus sentimentos? Isso tinha a chance de dar muito errado. E com certeza na frente dela eu iria travar, e não falar uma palavra inteira. Enquanto dividia meu olhar entre o meu caderno e Alana, a professora continuava a chamada até que um nome me tirou do transe.

— Rebecca Luz — disse a professora.

— Tô aqui! — gritou a garota de cabelos azuis, que sentava com o grupinho dos populares, no fundo do outro lado da sala.

Comecei a lembrar do tempo, que Rebecca e eu éramos amigos quando crianças. Nós estudamos juntos, da terceira até a quarta série. E nós éramos amigos inseparáveis. Ela era uma menina um pouco diferente das outras, até no modo que se sentava. Ela não convivia muito com as outras meninas e brincava mais com os meninos, ela era legal porque não era fresca como as outras e gostava de falar de super heróis e de brincar de lutinha.

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