Capítulo 31 Nunca o Suficiente

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Quando cheguei em casa e fui esperar por Rebecca. Pensei que depois da nossa conversa ela ficaria de bom humor. Diferente das noites passadas. Porém estava enganado, quando ela chegou, trouxe consigo um mau humor pior ainda. Rebecca disse que não estava com vontade de ver gente, por isso fomos para a cabana no Butão.

Quando chegamos, Rebecca ficou andado de um lado para o outro, tirando e botando os livros nas prateleiras. Seu cachorrinho chegou e pulou nela. Ela o pegou no colo e olhou para mim.

— Eu preciso muito beber alguma coisa. De preferência uma bebida alcoólica — disse ela finalmente.

— Você quer ir para algum bar? Por mim tudo bem — falei sem jeito.

— Eu preciso vomitar tudo isso que estou sentindo. Só o álcool vai ajudar — disse ela, passando por mim com o cachorro nos braços.

— Vamos ir para Londres? Eu gosto de lá.

— Não. Vamos para casa. Nos embebedar na nossa terra — disse deixando o cachorro em cima da cama e se voltando para mim.

— Sério? Quer se expor desta maneira.

— Foda-se, já cansei de fingir ser uma boa moça. Estou farta! Você não entende? Eu quero que todos se explodam. Estou cansada de viver uma farsa só para agradar a minha mãe — disse furiosa.

— Por mim, tudo bem — disse simplesmente.

Rebecca virou o rosto para mim e revelou um sorriso largo de orelha a orelha.

— Você ainda vai se dar muito mal por minha causa — disse ela.

— Qualquer coisa a gente some — afirmei.

— Onde está o Arthur medroso que eu conheci? — disse Rebecca se aproximando.

— Está no passado.

Rebecca sorriu e pegou em minhas mãos.

Segundos depois, estávamos na frente do bar mais frequentado da nossa cidade. A música alta era convidativa e o cheiro de cigarros era forte. Na frente, haviam muitos carros estacionados, alguns com vidros embaçados. Ainda no lado de fora, nas paredes do bar haviam inúmeros casais se pegando de uma forma que eu levei tempo para criar intimidade com Rebecca. Fiquei imaginando como estava lá dentro. Minha mãe chamava aquele lugar de inferno, e naquele momento consegui entender o porquê.

— Eu sempre quis vir aqui — disse Rebecca, com um sorriso travesso. — Vamos entrar! — disse ela decidida, pegando na minha mão e me puxando para dentro.

No mesmo instante, Luís e as antigas amigas de Rebecca apareceram na porta. Ele estava abraçando as duas, cada uma em um braço. Diziam na escola que ele pegava as duas e elas se pegavam. Era uma coisa assim.

— Olha só quem fugiu da mamãezinha — disse Débora, quando entramos.

Rebecca virou o rosto para ela e sorriu.

— Vai se foder sua vagabunda imunda — disse Rebecca, em um tom amigável. Eu adorava quando ela era sarcástica.

Em seguida, Rebecca passou o braço por cima do meu ombro e eu peguei na sua cintura.

Olhei para trás e tanto as meninas quanto Luís estavam nos olhando com ódio.

— Não liga para eles — disse Rebecca. — Podem falar o que quiserem de mim. Eu não ligo, podem falar o que quiserem para a minha mãe. FODA-SE! — gritou ela.

A música era muito ruim, por isso quando nos sentamos no balcão. Decidi falar o máximo com Rebecca para não escutar mais nada além da voz dela. Rebecca estava animada, ainda mais depois de tomar dois latões de cerveja e já estar indo para o terceiro, enquanto eu tentava beber o mínimo possível. Quando me dei conta já estava tão bêbado quando Rebecca. Percebi que nunca havia ficado bêbado de verdade até aquele dia. Era uma sensação estranha, eu sentia a minha racionalidade gritando para eu a seguir. Mas uma diversão boba me dominava aos poucos. Eu ria como um idiota por motivo nenhum e Rebecca ria da minha cara, eu acho.

ETERNAWhere stories live. Discover now