Prólogo

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Já pararam para observar as estrelas? Eu sim. Adquiri esse hábito noturno desde muito cedo, quando tinha apenas sete anos de idade. Ainda me lembro da primeira vez. Foi em uma noite que acordei assustado, devido a um pesadelo, e fui até o quarto dos meu pais e não encontrei minha mãe. Então, sai pela casa em busca dela e passando pela janela, a vi no lado de fora, no quintal, sendo iluminada pela luz lua clara daquela noite. Silenciosamente, fui até ela. Quando cheguei até minha mãe, ela me recebeu com um grande sorriso e me pegou no colo.

— O que você está fazendo aqui fora, mamãe? — perguntei, pendurado no pescoço dela.

— Estou olhando as estrelas, Arthur. Veja como são bonitas — disse ela, em seguida apontou para o céu repleto de luzinhas brilhantes e eu acompanhei com os olhos.

— São bonitas — respondi em voz baixa, olhei para ela e sorri com o meu sorriso que faltavam alguns dentes.

— São mesmo, meu amor. Mas olhe aquela constelação. Eu contei doze estrelas. Quantas você consegue contar?

Ela apontou mais uma vez para o céu, e desta vez, mirou o dedo indicador para uma constelação que parecia um terço que a vovó usava para rezar antes de morrer. Vento aquela estrelas, apontei meu dedo para o céu e tentei contar, mas não conseguia contar mais de nove, porque algumas delas apareciam e desapareciam tão rápido que meus olhos não acompanhavam.

— Eu não consegui contar doze, mamãe — disse desanimado, depois de várias tentativas.

— Não fique assim, meu filho. Elas são assim mesmo, aparecem e de repente somem. Mesmo assim você sabe que estão lá. E sempre vão estar. Só vão desaparecer mesmo, quando o sol nascer. E você tem que aceitar que nunca vai poder conta-las com exatidão. Não a olho nu. Elas são estrelas travessas, gostam de brincar, só aparecem quando querem. Essas estrelas são como algumas coisas e pessoas na vida, são passageiras, e você tem que aprender a aproveitar quando elas enquanto ainda pode vê-las. Pois quando amanhecer, elas se tornarão apenas uma lembrança feliz — disse minha mãe, olhando para a constelação.

— Mas por que as estrelas não ficam paradinhas no céu? Ficaria mais fácil para contar — indaguei, olhando para as estrelas e em seguida para o rosto cansado da minha mãe.

— Tanto as estrelas, quando as pessoas tendem a ser imprevisíveis. Essa é a graça delas. E se as estrelas sempre estivessem no céu você iria se cansar muito rápido delas. Por isso são temporárias. E você tem que aprender a lidar com isso na sua vida, filho. Pois como as estrelas, as pessoas são passageiras e o melhor que elas podem nos deixar são boas lembranças — disse com sua voz doce, e em seguida beijou meu rosto. — Mas agora vamos dormir, porque já é tarde.

Depois daquela noite, não houve uma noite sequer, que eu não me debruçasse na janela do meu quarto e tentasse contar as doze estrelas.

Tentei várias vezes contar as mesmas 12 estrelas que minha mãe contou aquela noite toda, porém nunca consegui. Quando era criança as palavras de minha mãe não fizeram muito sentido, e acabei ficando engajado somente em entender o motivo de não conseguia contar todas as estrelas que eu sabia que estavam lá. Depois de dez anos, eu pude entender o sentido de cada palavra que ela dissera naquela noite. Mal sabia eu, que um dia iria reencontrar uma estrela como daquela constelação. A mais brilhante e imprevisível, que adorava aparecer e desaparecer, e que só fazia a sua própria vontade. Que surgia somente quando queria, pois era a mais livre de todas as estrelas. Mas quando o sol nascia, ela desaparecia. E eu tinha que aceitar que durante o dia ela estaria lá, mas não como a estrela azul brilhante que conhecia. Que gostava de brincar de embaralhar a minha mente. E sim, uma garota misteriosa, que escondia um dom fantástico, que era obrigada a esconder durante o dia.

Eu tinha apenas uma certeza. Sábia que quando chegasse a noite, eu a veria novamente.

E durante muito tempo, vivi os melhores momentos da minha vida ao lado de uma estrela rebelde e imprevisível chamada Rebecca Luz. Mesmo sabendo que ela era somente uma estrela que poderia sumir a qualquer momento. Mas que também poderia me proporcionar os momentos mais eternos da minha vida.

Nota: Olá, pessoal! Espero que gostem do livro tanto quanto eu gosto de escreve-lo. Por isso, por favor votem e comentem quando possível. Tudo isso só me ajuda a ter mais motivação. Muito obrigada! 😘💙💙💙💙

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