Capítulo 4 Olhar Travesso

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Acordei sentindo uma forte dor de cabeça. Meu despertador ainda não havia tocado. Normalmente acontecia isso comigo quando ficava estressado. Acordava antes da hora, e ficava olhando para o teto do meu quarto, pensando na vida.

Olhei para o lado e o relógio me informava que ainda faltava quinze minutos para as 8:30. Sendo assim, eu ainda tinha esse tempo para ficar deitado. Pois dormir eu não iria conseguir de qualquer forma.

Me sentei e acomodei os travesseiros nas costas. Fiquei olhando para o meu quarto. A decoração nerd e retro. Só eu mesmo para fazer essa combinação de discos e posters dos Beatles na parede, ficarem em harmonia com uma prateleira de livros e bonecos de ação dos Vingadores. A luz do dia adentrava pela janela por uma fresta na cortina. E um pequeno raio de sol, iluminava a poltrona. Fiquei olhando fixamente para ela. Parecia que em algum momento, Rebecca voltaria a aparecer e me fitar com seu olhar penetrante, que mesclavam sarcasmo, malícia e as vezes tristeza.

Eu estava louco, é coisa de louco ver coisas que não existem. A menos que seja pessoas mortas. Aí já é outro assunto. E a Rebecca estava muito bem viva. Então, vendo fantasmas, eu não estava. Estava ficando louco mesmo.

Intrigando com isso. Levantei da cama e fui até o computador. Joguei na internet "Esquizofrenia" e li vários tópicos sobre o assunto. Muitos deles disseram que uma pessoa esquizofrênica pode sim ter casos de alucinações, acompanhadas por, ouvir vozes ordenado ações violentas. Eu só tinha um desses sintomas. Tinha consciência que não podia me auto diagnosticar.

E por isso, pensei em esperar para ver se a coisa iria piorar para falar para alguém. Ou talvez, alguém notaria a diferença no meu comportamento. Pelo esperava que não fosse assim, apenas um problema repentino, que passasse logo. Não queria ser internado como louco. Para evitar isso, deveria parar de pensar em Rebecca. Talvez se eu tentasse nem olhar para a garota de cabelos azuis na escola. As alucinações poderiam desaparecer.

Meu despertador tocou, era hora de esquecer minha loucura e enfrentar mais um dia.

Peguei uma roupa e fui para o banheiro. Um banho quente poderia relaxar minha tensão.

Após o banho, fui para a cozinha encontrar minha mãe para o café. Felizmente meu pai já estava no trabalho naquele horário. Chegando na cozinha, me deparei com minha mãe na mesa com uma xícara de café. Seus olhos estavam cansados e vermelhos de tanto chorar, e o desânimo que no qual segurava a xícara que deixava nervoso. Não gostava de ver minha mãe daquela forma. Me dava angustiada e um ódio do homem que chamava de pai. Não disse nada. Pois nada dito poderia amenizar nossa dor. Por isso, apenas fui até ela e a abraçei. Mais de perto pude ver melhor o corte no braço dela. Pois a teimosa não gostava de usar faixas. Felizmente, o corte estava fechando.

— Você deveria usar uma faixa — comentei, indo até a cafeteira servir uma xícara.

— Você sabe que não gosto e me dá agonia ter um tecido sobre um ferimento — disse ela, levando a xícara até a boca.

Ela estava de costas para mim, mas ainda sim, podia ver seu olhar perdido.

— Sei que não é esse machucado que está te deixando assim. Mãe, eu queria poder fazer algo. Estou cansado dele nos tratar assim — disse frustrado, sentando ao lado dela.

— Você não pode fazer nada, meu filho. Você ainda é um menino. Mas assim que você terminar a escola. Nós vamos embora daqui.

— Eu não sou mais uma criança. E não tem porque você ficar se sacrificado assim — disse indignado. — Por que não manda ele embora? Afinal, essa casa era dos seus pais. Nós não precisamos dele. Podemos trabalhar e viver bem.

ETERNAOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz