- O Respeitado Rei de Vordia -

Start from the beginning
                                    

— Há certos ensinamentos que são aprendidos somente após muita insistência e punições.

— Então concorda que deverei aplicar uma punição em você e ao Comandante Norben para que não se esqueçam de comparecer à sala de debates antes da chegada de seu rei?

Omiran demonstrou-se estar confuso com as palavras de seu senhor. Ele o observou com a boca aberta por alguns segundos procurando as palavras adequadas.

— Desculpe-me, Majestade, mas reafirmo que eu convoquei o comandante logo após que lhe notifiquei da mensagem que recebi.

— Pois então trate de convocá-lo antes de me notificar da próxima vez.

Recuar o olhar e concordar com a cabeça foi o que o velho achou propício a fazer diante daquela repreensão.

— Não vim aqui no intuito de repreendê-lo, Omiran — o rei continuou. — Esclareça o que o levou até mim.

— Bom, eu estava em uma assembleia com os outros andors da cidade nesta manhã; estávamos debatendo um assunto impertinente sobre a publicação de livros não relacionados diretamente com a cultura de nossa Sagrada Crença Alial. — Omiran costumava ser exageradamente detalhista em seus relatos, especialmente quando o assunto envolvia ele mesmo; provavelmente sua intenção era garantir que o rei não encontrasse divergências nos fatos. — Foi em um momento de profunda reflexão que uma avalanche de palavras deselegantes adentrou minha mente e me impediu de continuar meu raciocínio sobre o tal assunto.

— E sobre o que especificamente essa mensagem se trata? Veio de Asmabel você disse?

— É a resposta oficial do Vilarejo Erban sobre a ordenança que o senhor lhes empregou.

— Responderam hoje a ordem que lhes dei ontem? Mais rápido do que eu esperava que seria. Se tratando de Asmabel, meu conhecimento é escasso sobre a identidade de cada governante de vilarejo e seu respectivo andor. Isso não é bom para um rei. Conhecer a personalidade do inimigo é de suma importância para prevenir seus movimentos.

Antes do andor formular sua opinião, uma porta no interior esquerdo foi aberta e o comandante enfim atendeu a convocação. O homem de grande porte e ombros largos não aparentava cansaço ou fadiga, essas eram as evidências que Valandir esperava encontrar em sua aparência para que justificasse sua ausência.

O Comandante do Exército trajava sua robusta armadura escura com adornos brancos no peito, essa era a cor predominante em todos os demais militares. Suas ombreiras eram largas e sua cota de malha negra estava explícita entre os vãos das peças metálicas. Em seus dois cintos estava a espada na bainha e em seus ombros as fivelas que prendiam seu manto preto; este era destinado somente ao seu cargo.

— Fui convocado em sua presença, Majestade?

— Eu esperava encontrá-lo aqui na minha chegada.

— Peço suas desculpas, estive averiguando um problema na sala de armas.

— E que problema seria esse?

— Nosso mais antigo ferreiro abandonou seu ofício nesta última semana. Seus parentes tentaram pegar de nossos salões algumas das armas de guerra que ele fabricou e eu me dei ao trabalho de ir pessoalmente alertá-los a não ousarem invadir nenhum salão do castelo novamente.

— Essa história chama minha atenção, comandante, pois foi me dito há exatamente uma quinzena que o ferreiro Magon encontra-se atualmente morto.

A expressão séria do oficial lentamente se transformou até tornar-se uma expressão de incredulidade.

— Morto? — perguntou o homem surpreso.

— Foi assassinado por alguém cuja identidade ainda é um mistério — Omiran esclareceu. — Seus familiares acreditam que os fornecedores de minério não estavam satisfeitos com a conduta do ferreiro em relação a questões de pagamento.

A Pretensão dos CavaleirosWhere stories live. Discover now