Legado

71 12 21
                                    



Valentina apresentou os argumentos de defesa de André direto com o juiz, mostrou que ele não oferecia riscos à população, mostrou seu histórico de todos aqueles anos e conseguiu inocentá-lo sem precisar ir a júri popular. O empresário ficou furioso com a advogada e com o melhor amigo.

— Aceita, André! — Richard gritou sacudindo o amigo pelos ombros. — Você está paranoico com essa história. Se passaram muitos anos, meu amigo. Se o juiz o inocentou, você não pode fazer mais nada. Nada do que você fizer agora vai mudar o passado ou você mesmo. Tente mudar o seu comportamento a partir de agora. Procure um profissional, siga a sua vida.

André tinha os olhos vermelhos de chorar, queria pagar pelo crime que cometeu ou não ficaria em paz.

— Por favor, André, me promete.

— Não posso.

— André, não me faça usar o poder que eu tenho sobre você, por favor.

— Faça o que você quiser, Richard. Eu preciso pagar pelo que fiz àquela menina, ao pai dela, a tudo. Eu não tenho mais ninguém, você é meu amigo, mas não me apoia. Preciso ficar em paz. — disse já saindo.

— André... — chamou com a voz pesada.

O homem saiu do escritório completamente desnorteado, mas antes de chegar ao seu apartamento foi abordado por três homens, a mando de Richard que decidiu interditar o amigo.

Valentina fez questão de acompanhar o empresário até a clínica.

— André, eu fiz o meu trabalho. Você não pode pagar por algo do qual foi inocentado. Mas se quer se punir, ficará aqui até se sentir livre. Isso não deixa de ser uma prisão.

Otto estava ao lado dela com um sorriso diabólico estampando o rosto horrendo.

Esse é caso perdido, mas temos muito trabalho pela frente. — sussurrou no ouvido dela.

Valentina sempre fez de tudo para inocentar seus clientes, não poupava esforços. Otto sabia daquela determinação da advogada e se aproximou dela com intuitos bem sádicos para unir sua crueldade com o mau-caratismo dela.

O lado obscuro de Alana estava enchendo-o de orgulho. A jovem já não se importava mais com justiça. A justiça jamais seria feita da forma que ela almejava.

Enquanto Otto seguia Valentina em todos os lugares ajudando-a a obter êxito no seu ofício, Alana estava na prisão psiquiátrica torturando Inácia, que gritava a plenos pulmões e não era ouvida por ninguém nem por ela mesma.

Alana afastava-se apenas quando chegava algum médico para examinar a condenada. Que dormia serenamente.

Eu vou ser o seu eterno pesadelo! — rosnou no ouvido da mulher, que gritava para médico e o homem via apenas a inerte Inácia sobre a cama.

A gargalhada de Alana ecoava pelo local e pulsava na cabeça da assassina.

— O que você quer? Eu já fui condenada. Não aguento mais isso... — suplicou exausta.

Eu queria justiça, queria apenas que você confessasse e pagasse por ter tirado tantas vidas, mas você foi irredutível e negou todas as vezes. Agora eu só quero vingança!

— Tudo bem, faça o que quiser. Não me importo mais. Não ligo que me torture assim... eu desisto. — entregou-se e viu o sorriso de Alana, que passou a mão em sua cabeça arrancando calafrios dela e a deixou em paz.

O sorriso vitorioso de Inácia só não foi maior do que sua ilusão naquele momento.

AlanaWhere stories live. Discover now