Usurpadora

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Ana Maria estava visivelmente abatida. Sentia muita saudade da filha. Passara muito tempo sozinha depois que o marido, padrasto de Alana, saiu de casa.

Lara sorria quando cumprimentou a mulher, que retribuiu ao sorriso e virou para o lado, fazendo Lara ver Olivia se aproximando.

— Olá...

— Essa é a Olivia, melhor amiga da Alana. Ela falou com ela algumas vezes.

Lara a analisou, alta, loura, olhos azuis, porte de modelo; preferiu conversar com elas antes de levá-las até a casa de André.

As três entraram na delegacia e se acomodaram na sala de Lara, que serviu água para as duas. Colocou um gravador sobre a mesa.

— Como era o comportamento da Alana com vocês? Você me disse que ela sempre falou por mensagem escrita, né? — indagou a Olivia.

— Sim. Depois que se mudou pra cá não ligou mais. Quando ela estava na suíça sempre nos falávamos por vídeo chamada, áudio e chamada normal também.

— E com a senhora, dona Ana Maria? O comportamento dela também mudou. Desculpe, mas não pude deixar de notar o seu estado emocional. Sei que ficou doente...

A mulher suspirou e deixou escapar lágrimas. Lara viu a mão de Olivia no ombro da mulher num gesto de apoio.

— Ela sempre foi muito grudada comigo. Éramos tão amigas e depois que ela conheceu esse rapaz virou outra pessoa. O meu marido me trocou pela secretária dele, imagina como ficou a minha cabeça depois que a minha filha passou a me dar desculpas para não falar comigo direito. Eu não ouço a voz da minha filha há muito tempo, doutora... — disse chorosa.

Naquele momento Lara notou que aquela mulher estava sofrendo de uma depressão severa. Poucas mulheres edificam seus próprios pilares, muitas nomeiam terceiros para tal posto e quando eles se vão elas desmoronam. Era o caso de Ana Maria. Pelo histórico poderia ser uma mulher forte, mas deixou sua base nas mãos do marido traidor e da filha desnaturada. Estava definhando.

— Eu preciso ver a minha filha, doutora. Preciso abraçá-la.

— Tia, acho que precisamos dar todas as informações que a delegada precisa. Não sabemos o que está acontecendo. — disse num tom doce.

— Tudo bem.

— Doutora, há a possibilidade de que esse cara esteja coagindo a Alana?

Lara semicerrou os olhos, analisou aquela jovem por uns instantes.

— Não descarto nenhuma possibilidade, mas essa eu acho pouco provável, Olivia. A Alana não é do tipo que aceita esse tipo de coisa. Apesar de seu comportamento oscilar, ela me pareceu bem decidida e dona de uma força fora do comum para o estado em que estava. Ela tem uma espécie de adoração pelo noivo, inclusive deixou esse status bem claro algumas vezes quando o tratei como namorado dela.

Olivia franziu o cenho.

— Acho que precisamos mesmo conversar com ela pessoalmente. Parece que você está falando de outra pessoa. A Alana jamais se deixaria envolver dessa forma. É muito passional, mas jamais deixaria de falar com a própria mãe.

— Ela passou muitos anos fora, não acha que tenha mudado? — insistiu Lara analisando a jovem.

— Pode ser, mas não acredito nesse extremo. Enfim...

— Minha filha, não estou me sentindo bem. Preciso tomar o meu remédio.

— Precisa que eu chame um médico? — Lara perguntou preocupada, pois viu a palidez da mulher.

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