Plano Diabólico

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Inácia arrastou a jovem para o mato fazendo um caminho de sangue até o local. A chave de roda que usou para desacordar Alana, ficou jogada no chão.

Ofegando, voltou ao carro, sinalizou a estrada e pegou o celular da moça e voltou onde havia jogado o corpo, desbloqueou o aparelho usando a digital dela e colocou a sua. Guardou o celular no bolso. Abriu sua pequena bolsa e tirou um canivete.

A chuva caía sem parar. A maquiagem do rosto de Inácia começou a sair e escorrer por sua roupa de couro enquanto ela cortava o dedo de Alana e guardava dentro da bolsa.

Inácia tentou puxar o ar, pois tremia de nervosismo e frio, como vinha de uma cidade de clima extremamente quente, aquela região a estava deixando hipotérmica.

Viu o sangue ainda esguichar do dedo amputado, pegou a chave de roda e acertou a cabeça da moça novamente. Quando viu a massa encefálica saindo pelo buraco na testa da jovem, a nordestina parou de bater e respirou profundamente.

Saiu do matagal e viu um carro se aproximando, agachou-se e fingiu está trocando o pneu. O carro passou sem diminuir a velocidade mesmo naquele temporal.

Inácia se levantou e olhou pelo carro, no porta-malas, precisava enterrar o corpo. Para sua sorte encontrou uma espátula de jardinagem.

— Isso mesmo, minha linda! — disse em monólogo e olhou em volta. — Para impressionar o namoradinho!

Fez um buraco e enterrou a jovem. Deu uma última olhada no rosto do cadáver sendo lavado pela chuva e jogou aquela terra molhada.

Logo anoiteceria, então se apressou, pisoteou a cova para que a água não expusesse sua sósia e colocou alguns galhos em cima.

Saiu do local depois de observar se havia alguém e entrou rapidamente no carro, pegou uma toalha e se secou expondo a cor real de sua pele, arrancou a peruca, que usava por baixo do chapéu.

Deu partida no veículo e saiu dali esquecendo o triângulo de sinalização.

Olhou pelo retrovisor e o viu. Voltou de ré, furiosa e jogou o objeto dentro do carro. Saiu dali em alta velocidade treinando o sotaque de Alana.

Estacionou no posto e entrou no banheiro, trocou de roupa e queimou seus documentos e pertences, dentre eles roupas, peruca. Jogou as cinzas no vazo e deu descarga.

— Adeus, Inácia! — disse normalmente e repetiu com sotaque carioca: — Adeus, Inácia!

Comprou uns biscoitos e suco e saiu dali. Revirou a bolsa de Alana e achou a reserva do hotel.

— Bem-vinda, Alana! — disse sorrindo.

Chegou a Holambra depois de passar o trajeto inteiro treinando o sotaque de Alana e o jeito dela.

— André não pode desconfiar de nada! — disse sorrindo com os olhos marejados. — André! Muito bonito! Meu namorado.

Falou no empresário e ele ligou para o celular da jovem. Inácia respirou fundo e atendeu:

Oie! — disse sorrindo. — Tive um problema na estrada, mas estou quase chegando.

— Quando chegar ao hotel me avisa, que te encontro lá. Saudade demais. Beijo.

— Beijo. — Desligou e riu.

Entrou no hotel e fez o check-in, precisava tomar um banho com urgência. Usar as coisas de Alana, o perfume, hidratante, cheiro sempre marca e André, com certeza, se lembraria do cheiro da namorada.

André estava ansioso, sabia que Alana iria de carro para Holambra, até quis ir buscá-la, mas a jovem não quis esperar para que ele pudesse ir no dia seguinte quando estivesse sem compromissos na empresa.

— Só estou com uns clientes europeus, mas embarco à noite e voltamos de manhã cedo.

— Ah, amor, eu saio hoje cedo e já passo a noite com você! — disse na vídeo chamada. 

Teimosa e ansiosa para ver o amado.

— Tudo bem, estou louco de saudade de você!

— Pode despachar todas as crush suas daí que estou chegando. — disse e sorriu ao vê-lo dar uma risada jocosa.

— Amo o seu senso de humor! Mas saiba que sou o homem mais fiel desse mundo! Esses quase dois anos foram de puro sofrimento longe de você, mas já comecei a contar as horas e minutos para te ter em meus braços de novo. — disse sinceramente.

Agora estava se preparando para encontrar com a amada, colocou perfume, verificou o relógio e o celular também.

Finalmente a notificação chegou e ele saiu. Em menos de cinco minutos ele estava entrando no estacionamento do hotel.

Ele deu leve batida na porta e foi atendido por Inácia, que usava um belo vestido de Alana.

Um coração batia descompassado, apaixonado, de um lado e o outro batia de nervosismo, culpado, do outro.

AlanaOnde histórias criam vida. Descubra agora