Cap. 23 part, 1

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Voltei para a casa me sentindo tão vazio, como se o emaranhado de acontecimentos tivessem sugado tudo de mim, encosto minha cabeça no vidro do carro e um filme passam na minha cabeça, dessa vez não era meu e do Diego, era um só meu. Como uma linha do tempo, do tempo em que eu estava me descobrindo até agora. Sinto que evolui muito, aquele garoto assustado que se achava estranho está morrendo dentro de mim.

─ Quer que eu fique com você essa noite? ─ pergunta Augusto com a voz tão baixa que tenho que fazer um esforço para ouvir.

─ Obrigado por estar ao meu lado, mas não vai fazer nenhuma diferença, eu tenho que superar isso tudo sozinho. ─ murmuro.

─ Ele precisa de um pouco de espaço agora garoto. ─indagou meu pai curvando sua cabeça um pouco para trás.

─ Eu vou ficar bem, de verdade.

─ Prometi?

─ Prometo. ─ fecho os meus olhos e volto a me perder em meus pensamentos.

Como eu queria cumprir essa promessa me sentindo pleno, quando a ficha cair eu vou sofrer ainda mais, porém eu sei que fiz a coisa certa, lutei pelo amor e me livrei dele antes que ele me matasse. Augusto está sendo um fofo estando do meu lado, sinto uma leve repulsa de sua presença, acho que isso deve ser normal. Ele não esteve na minha pele para entender tudo o que passei e o que tive que enfrentar nessa droga de vida.

**

De volta em casa, andei apressadamente até o sofá e me deitei, senti cada músculo do meu corpo relaxar, meus pés estavam ardendo e minha cabeça girando. Minha mãe correu ao meu encontro e me deu um abraço apertado, eu ainda deitando mas com peito suspendo no ar amparado pelos seus braço, fizeram com que meus músculos doessem um pouco mais.

─ Meu filho, o que aconteceu? ─perguntou minha mãe em tom de desespero e alívio ao me ver vivo e inteiro, ela estava em prantos e sorrindo, me ver bem ao seu lado para ela não tinha melhor sensação.

─ Mãe, não sei nem da onde começar, nem me lembro do que eu contei para o delegado na hora de depor. ─ só me lembro dos risos dele quando eu falei que tinha um caso com o Diego.

─ Eu fiquei tão preocupada, esse menino tinha me dito que você tinha sido seqüestrado. ─ ela apontou o dedo para o Augusto, onde o mesmo me lançou um meio sorriso.

─ Foi por isso que eu demorei, quando eu liguei no telefone da sua casa, a sua mãe me atendeu então eu passei aqui antes de ir te salvar.

─ Obrigado. ─ sorri de volta.

─ Ele foi um anjo, me deu a certeza de que ia te trazer são de salvo.

─ De nada senhora. ─ indagou Augusto lançando mais um de seus sorrisos encantadores.

─ Obrigado rapaz, não tenho palavras para te agradecer o que fez por nós, foi muito heróico da sua parte. ─ disse meu pai apertando a mão dele e sem seguida o abraçando. Essa cena ate me confortou um pouco, é bom ver meu pai entendendo mais do meu mundo.

─ Que isso senhor, não foi nada. Não agüentei a idéia de que o Lucas estava ferrado, eu tinha que fazer alguma coisa.

─ E fez muito bem feito, você acabou com a raça daquele velho nojento. ─ disse meu pai mais uma vez agradecendo a ele.

─ Obrigado José.

Saí dos braços da minha mãe e andei em direção a cozinha, olhei para o Augusto, torcendo para que ele percebesse minha intenção; convidá-lo a se juntar a um café comigo. Ele me seguiu se despedindo dos meus pais enquanto andava. Peguei a chaleira e a enchi de água, liguei o fogão e me debrucei sobre o balcão da cozinha enquanto a água fervia.

As Cores Sombrias do CoraçãoWhere stories live. Discover now